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A Volkswagen e o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) não chegaram a um acordo sobre os valores a serem pagos de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), em audiência de conciliação e instrução realizada no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR), nesta segunda-feira (9). A empresa manteve a proposta de R$ 4,6 mil para antecipação de PLR e a segunda parcela em aberto, para ser discutida posteriormente. O sindicato pede PLR de R$ 12 mil, com adiantamento de R$ 6 mil.

Com isso, a paralisação dos trabalhadores, que começou na quinta-feira (5), continua. O sindicato vai apresentar a proposta da empresa para os trabalhadores analisarem em uma assembleia, que será realizada na manhã de terça-feira (10). A fábrica de São José dos Pinhais tem 3,6 mil funcionários e produz 810 veículos por dia. De acordo com o sindicato, com a paralisação dos 3,1 mil metalúrgicos da montadora, três mil veículos Golf, Fox, Fox Exportação e Cross Fox deixaram de ser produzidos.

Outro lado

Em nota, a Volkswagen afirmou que permanece aberta para negociar e espera um acordo que possa assegurar a sustentabilidade desta fábrica em relação à concorrência. Para a montadora, "é importante atrelar o pagamento de participação nos resultados a metas de desempenho, assim como ocorre em outras unidades da empresa no País" e afirma que passa pela paralisação porque não pode absorver aumentos de custos maiores que o seu consumidor aceitaria pagar.

A empresa argumenta que a negociação da PLR deve levar em conta a realidade do mercado e do desempenho da fábrica. De acordo com a Volkswagen, o salário de um horista da empresa em São José dos Pinhais é até 35% maior do que o pago por outras montadoras instaladas em diferentes regiões e que, entre 2006 e 2010, o aumento salarial desse empregado foi de 54,4% contra 27,3% na região do ABC Paulista. Além disso, neste mesmo período, o volume de produção das fábricas de São Bernardo do Campo e Taubaté cresceu 42% contra 3% registrado em São José dos Pinhais.

O presidente do SMC, Sérgio Butka, argumenta que a comparação salarial feita pela empresa não é válida, porque as fábricas das montadoras instaladas em outros estados produzem carros populares, que não competem com os veículos produzidos no Paraná. "Os carros populares competem com os veículos produzidos nas unidades de São Paulo e lá os trabalhadores recebem até 40% a mais do que no Paraná", explica.

Butka ainda pondera que a produção na fábrica paranaense não cresceu porque a capacidade produtiva da unidade já é de 110%. "A planta dessa fábrica tem capacidade para fabricar 200 mil automóveis por ano e nós já produzimos 220 mil ao ano. No Paraná, temos uma planta moderna e alto índice de qualidade. O rendimento de um trabalhador aqui é quase o dobro do de São Paulo", argumenta.

Negociação

A audiência de conciliação entre empresa e sindicato não teve resultado e foi marcada pela polêmica em torno de uma entrevista concedida pelo presidente da Volkswagen Brasil, Thomas Schmall, ao jornal O Estado de São Paulo. Schmall declarou que "é melhor aceitar parar a fábrica do que pagar o que estão pedindo. É mais barato ficar em greve do que pagar e estragar todo o plano futuro da empresa."

Segundo a desembargadora Rosemarie Diedrichs Pimpão, que presidiu a audiência, a declaração de Schmall "impediu qualquer tentativa conciliatória". Por causa do impasse, o dissídio será levado a julgamento. O TRT-PR fixou prazo de cinco dias para o sindicato e a empresa se manifestarem. Como a empresa estabeleceu o dissídio, solicitando o fim da greve, o sindicato deve apresentar uma defesa sobre as razões pelas quais os trabalhadores entraram em greve e justificando o valor pedido de PLR. Por sua vez, o sindicato apresentou uma contestação à empresa, que deve ser respondida.

De acordo com o procurador Alvacir Correa Santos, do Ministério Público do Trabalho (MPT), com a apresentação dos documentos, que deve ocorrer na sexta-feira (13), o desembargador relator já deve se pronunciar liminarmente sobre a greve. Depois, os documentos são encaminhados para o MPT, onde um procurador vai analisar os fatos. O processo é devolvido ao TRT-PR, que julga o mérito da ação.

Acordo

Os trabalhadores da Renault e da Volvo já aceitaram a proposta de PLR feita pelas empresas. A Renault, que não teve a produção paralisada, vai pagar R$ 12 mil, em duas parcelas, aos trabalhadores.

A Volvo chegou a fazer uma audiência de conciliação e fechou acordo com os trabalhadores para pagamento de R$ 15 mil, em duas parcelas, com adiantamento de R$ 7 mil nesta semana.

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