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O governo cedeu às pressões dos investidores e anunciou ontem o adiamento do leilão do trem-bala para abril de 2011. Diante do risco de ter apenas um concorrente na disputa pelo projeto orçado em mais de R$ 33 bilhões, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) optou em dar mais prazo para que outros consórcios possam ser formados. Segundo o diretor-geral da ANTT, Bernardo Fi­­guei­­redo, quatro grupos de empresas fizeram "manifestações concretas e objetivas" de que irão participar da licitação em 2011.

"Apesar da perspectiva objetiva de termos uma proposta e com isso, do ponto de vista formal o leilão poder acontecer, em nome de ampliar as oportunidades e ter um processo competitivo, o governo tomou a decisão de conceder esse prazo adicional", disse Figueiredo. Com a decisão, a data de apresentação das propostas foi transferida da próxima segunda-feira para 11 de abril. O leilão ocorrerá na sede da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBo­vespa), em São Paulo, em 29 de abril, e não mais em 16 de dezembro.

O adiamento foi discutido com o presidente Lula na quinta-feira. Segundo Figueiredo, o presidente queria a garantia da entrada de mais competidores. A presidente eleita, Dilma Rousseff, também foi informada sobre o adiamento e disse entender que a decisão caberia ao presidente Lula.

"Decepção"

O representante do consórcio de empresas coreanas, único grupo que havia confirmado a disposição de entregar sua proposta na segunda-feira, não escondeu sua decepção com a decisão tomada pelo governo. "Ficamos um pouco decepcionados porque já tínhamos uma proposta pronta e viável", disse Paulo Benites. O executivo informou que o grupo irá aproveitar o tempo adicional para reavaliar a proposta e negociar a inclusão de novas empresas.

As pressões para que o governo desistisse de realizar a licitação ainda este ano partiram tanto das empresas estrangeiras, que detêm a tecnologia de fabricação dos trens de alta velocidade (TAV), como de entidades empresariais, como a Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer). "Essa decisão do governo demonstra boa vontade, sensibilidade com a indústria ferroviária brasileira", disse Vicente Abate, presidente da entidade que havia solicitado à ANTT o adiamento do leilão por seis meses.

Apesar da disposição apresentada pelas empresas em participar do leilão em abril, o diretor da ANTT fez questão de frisar que isso não significa que haverá mais quatro consórcios disputando a concessão. "Temos pelo menos quatro grupos empresariais que confirmaram que vão participar do processo. Se eles vão se consorciar dois a dois, um a um, essa informação eu não tenho", afirmou.

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