
A taxa de desemprego atingiu nova mínima histórica em abril, chegando a 4,9%, o menor patamar para o mês desde o início da Pesquisa Mensal de Emprego, apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 2002. No entanto, não houve geração de novas vagas. O recuo no número de desempregados ocorreu, mais uma vez, pela saída de pessoas do mercado de trabalho.
INFOGRÁFICO: Veja informações sobre a taxa de desemprego
As seis principais regiões metropolitanas do país já possuem 17,3 milhões de pessoas que não procuram emprego porque não querem trabalhar, um aumento de 5,7% em um ano. "São pessoas que estão na ponta da distribuição etária: acima de 60 anos de idade e abaixo de 18 anos, sobretudo, mulheres", contou Adriana Araújo Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE. Ao todo, 19,2 milhões de pessoas estão inativas, segundo a pesquisa.
A pesquisa não aponta os motivos específicos da falta de interesse por trabalho, mas é possível inferir que haja influência do aumento do rendimento da população, que permite que alguns membros da família não precisem arrumar emprego para complementar a renda domiciliar. O número de inativos que não querem trabalhar apresenta porcentuais mais robustos no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre. "Essas regiões são as que, de fato, têm os maiores rendimentos médios", apontou Adriana.
A economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Zara, prevê que a taxa de desemprego ainda recue nos próximos meses, com a saída de mais pessoas da força de trabalho. Mas a desocupação deve aumentar já no segundo semestre deste ano. "Existe um certo limite para esse recuo da população economicamente ativa, então vai aumentar a taxa de desocupação. No segundo semestre, teremos uma retração da população ocupada e a pressão dessa população que vai retornar da inatividade para procurar um emprego."
Trabalho adiado
O economista da LCA Consultores Fábio Romão acredita que a renda mais alta observada nos últimos anos ainda pode estar adiando a entrada de jovens no mercado de trabalho e a volta de idosos para completar a renda da aposentadoria. Porém, como o crescimento do rendimento está desacelerando, e deve diminuir mais durante o ano, é possível um eventual aumento da taxa de desemprego.
A LCA projeta uma taxa de desemprego de 5,1% em 2014 e de 5,3% em 2015. "Mas, apesar do aumento em 2015, é difícil imaginar um índice de desemprego superior a 6,5% nos anos seguintes", destacou Romão.



