• Carregando...
Porcentual de pessoas que não querem trabalhar é formado, principalmente, por brasileiros com mais de 60 anos e abaixo dos 18 | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Porcentual de pessoas que não querem trabalhar é formado, principalmente, por brasileiros com mais de 60 anos e abaixo dos 18| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

0,6% foi o recuo da renda média dos trabalhadores brasileiros na passagem de março para abril. Se não houvesse inflação, a renda do trabalhador teria subido 0,1% no período, apontou o IBGE – no ano, o rendimento cresceria em termos nominais 8,9%. "O rendimento médio real já mostra sinais de desaquecimento no crescimento, em parte pela inflação e em parte pelo desaquecimento no comércio e indústria", explicou a economista Mariana Hauer, do Banco ABC Brasil.

Mau momento

Mercado de trabalho na indústria tem demissões e salários mais baixos

Embora o Brasil venha mostrando a taxa de desemprego em mínimas históricas, o mercado de trabalho na indústria não desfruta de um bom momento nem vê sinais de melhora nos próximos meses. O setor cortou 69 mil postos de trabalho na passagem de março para abril, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Em relação a abril de 2013, houve eliminação de 73 mil vagas.

Os empregados sobreviventes na indústria convivem com demissões, redução na jornada de trabalho e até salários menores. O número de funcionários nos parques fabris já está 5% abaixo do pico histórico do emprego industrial, registrado em julho de 2008.

Em março, o número de trabalhadores ficou 1,9% menor do que no mesmo mês do ano anterior, a 30ª taxa negativa consecutiva, de acordo com outro levantamento, a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário, também do IBGE. O número de horas pagas encolheu 2,4% no período.

Além disso, os funcionários que permaneceram na linha de fábrica estão ganhando menos, na contramão do que ocorre com todos os outros trabalhadores do país. Em abril, a renda média real do trabalhador da indústria encolheu 1,0% em relação a abril do ano passado, o único resultado negativo entre as sete categorias pesquisadas na PME.

A taxa de desemprego atingiu nova mínima histórica em abril, chegando a 4,9%, o menor patamar para o mês desde o início da Pesquisa Mensal de Emprego, apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 2002. No entanto, não houve geração de novas vagas. O recuo no número de desempregados ocorreu, mais uma vez, pela saída de pessoas do mercado de trabalho.

INFOGRÁFICO: Veja informações sobre a taxa de desemprego

As seis principais regiões metropolitanas do país já possuem 17,3 milhões de pessoas que não procuram emprego porque não querem trabalhar, um aumento de 5,7% em um ano. "São pessoas que estão na ponta da distribuição etária: acima de 60 anos de idade e abaixo de 18 anos, sobretudo, mulheres", contou Adriana Araújo Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE. Ao todo, 19,2 milhões de pessoas estão inativas, segundo a pesquisa.

A pesquisa não aponta os motivos específicos da falta de interesse por trabalho, mas é possível inferir que haja influência do aumento do rendimento da população, que permite que alguns membros da família não precisem arrumar emprego para complementar a renda domiciliar. O número de inativos que não querem trabalhar apresenta porcentuais mais robustos no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre. "Essas regiões são as que, de fato, têm os maiores rendimentos médios", apontou Adriana.

A economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Zara, prevê que a taxa de desemprego ainda recue nos próximos meses, com a saída de mais pessoas da força de trabalho. Mas a desocupação deve aumentar já no segundo semestre deste ano. "Existe um certo limite para esse recuo da população economicamente ativa, então vai aumentar a taxa de desocupação. No segundo semestre, teremos uma retração da população ocupada e a pressão dessa população que vai retornar da inatividade para procurar um emprego."

Trabalho adiado

O economista da LCA Consultores Fábio Romão acredita que a renda mais alta observada nos últimos anos ainda pode estar adiando a entrada de jovens no mercado de trabalho e a volta de idosos para completar a renda da aposentadoria. Porém, como o crescimento do rendimento está desacelerando, e deve diminuir mais durante o ano, é possível um eventual aumento da taxa de desemprego.

A LCA projeta uma taxa de desemprego de 5,1% em 2014 e de 5,3% em 2015. "Mas, apesar do aumento em 2015, é difícil imaginar um índice de desemprego superior a 6,5% nos anos seguintes", destacou Romão.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]