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Só a inauguração de novas refinarias dará algum alívio à oferta de diesel no país, hoje garantida apenas com importações | Antonio Costa/Gazeta do Povo
Só a inauguração de novas refinarias dará algum alívio à oferta de diesel no país, hoje garantida apenas com importações| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

4 refinarias

Devem ficar prontas até 2017, o que permitiria certa tranquilidade no fornecimento de combustíveis. A primeira delas deve ficar pronta no ano que vem.

Alívio só virá em 2013

O abastecimento de diesel no Brasil poderá contar com uma situação de "maior respiro" a partir da entrada em operação das quatro refinarias em construção pela Petrobras. No entanto, a primeira delas só deve começar a funcionar em julho de 2013, o que deixará o país com produção deficitária por mais de um ano.

Segundo o cronograma da Petrobras, no ano que vem a Refinaria Abreu Lima, em Pernambuco, será acionada. Na sequência, virá a Comperj (no Rio de Janeiro, em outubro de 2014), a Premium I (no Mara­­nhão, em 2016) e a Premium II (no Ceará, em 2017).

Segundo o pesquisador Mar­­celo Colomer, do Grupo de Eco­­nomia da Energia da UFRJ, combinadas com o volume de petróleo esperado do pré-sal, essas novas refinarias devem suprir o país. "Mas é necessário mirar um aproveitamento ainda maior, projetando as refinarias para atender o tipo de petróleo a ser explorado no pré-sal", afirma.

O desabastecimento de diesel enfrentado por boa parte do Paraná nos últimos dias faz parte de um cenário nacional de preocupação em torno da escassez do produto para os próximos anos. Até 2017, quando todas as novas refinarias da Petrobras deverão estar operando, o país ainda ficará dependente da importação do produto, devendo manter baixos estoques e sofrendo o risco de eventuais falhas.

De acordo com dados da Agên­­­cia Nacional do Petróleo (ANP), a soma entre a quantidade produzida domesticamente e a parcela importada fica no limite do volume consumido anualmente pelo país. Em 2011, o Brasil somou 51,863 bilhões de litros de diesel, entre produção e importação. No mesmo período, o volume consumido nacionalmente chegou a 51,781 bilhões de litros. Ou seja, a oferta fica apenas 0,15% acima da demanda.

"Falhas pontuais podem acontecer, mas isso não deveria atrapalhar a oferta do diesel. O problema é que, como a oferta nacional está no limite, qualquer parada na produção já causa desabastecimentos, podendo gerar até problemas nacionais", afirma Marcelo Colomer, pesquisador do Grupo de Economia da Energia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Segundo ele, que também é professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), o problema se arrasta por décadas. Um dos motivos para isso seria a dificuldade das refinarias nacionais em aumentar sua produção. Com isso, o país vem dependendo da importação de diesel para alimentar o seu consumo interno. Apenas entre 2007 e 2011, o volume de diesel comprado pelo Brasil saltou 83%, de 5,1 bilhões de litros para 9,3 bilhões anuais. Com isto, a parcela da importação dentro da oferta nacional do produto já alcançou 17,9%.

A importação, saída encontrada pelo país, alivia, mas não elimina o risco de falhas no abastecimento. Isso porque a quantidade de diesel comprada ajuda a cumprir a demanda, mas não cria "estoques de segurança" do produto no país. Para Colomer, um plano de contingência deveria ser discutido.

A falta de estoque foi um dos principais problemas apontados no desabastecimento que ocorreu no Paraná. De acordo com o sindicato dos postos, o Sindicombustíveis-PR, a Repar, que abastece o estado, estaria ofertando diesel em cima dos números do consumo local, sem qualquer folga, o que faz com que uma pequena falha ou deslocamento de oferta já deixe diversos postos "secos".

Mas, para o presidente do Sindicato Nacional das Distri­­­buidoras (Sindicom), Alísio Vaz, a questão depende apenas de "planejamento". Segundo ele, a política de apostar na importação não prejudica o setor e pode continuar sendo usada. Ele admite, entretanto, que há a possibilidade de desabastecimentos pontuais causados pelo limite da oferta e pelos gargalos regionais vistos ocasionalmente.

Em meio a isso, a demanda aumenta, em razão de fatores como o aumento da frota brasileira de caminhões e ônibus, que cresceu 27% nos últimos quatro anos. Procuradas, Petrobras e ANP afirmaram que não iriam se manifestar sobre o assunto.

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