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A Secretaria da Agricultura de Guarapuava começou ontem a distribuir à população carente cerca de 20 toneladas de batata que foram doadas por agricultores que não conseguiram vender o produto devido à grande oferta e preços baixos observados em todo o Brasil. O aumento da produção em relação ao ano passado, de cerca de 35% no Paraná e de 13% na média nacional, fez com que muitos produtores jogassem batata fora. Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a saca de 50 quilos está sendo vendida pelo produtor por cerca de R$ 7,00, contra uma média de R$ 50,00 de janeiro do ano passado. Para o gerente-geral da Associação da Batata Brasileira (ABBA), Natalino Shimoyama, "esta é uma das maiores crises da batata no país".

Os bons preços obtidos no ano passado impulsionaram o cultivo da batata, que foi plantada em cerca de 17,5 mil hectares no Paraná, aumento de 10% em relação ao ano passado. O Paraná é o terceiro produtor nacional de batata, e neste ano deve colher cerca de 420 toneladas do produto. No Brasil, a primeira safra (batata das águas) deve chegar a 1,5 milhão de tonelada, segundo o Deral. De acordo com a ABBA, o custo médio para produzir um saco de batata é de R$ 15,00 a R$ 20,00.

O produtor e beneficiador de batatas Osmar Kloster, de Guarapuava, jogou alguns caminhões de batata no aterro da cidade. Segundo ele, eram produtos com alguns defeitos que não tiveram comprador, já desclassificadas no beneficiamento. "O preço está muito baixo. Quem comprava essa batata antes encontra a preço acessível um produto melhor, já selecionado, e por isso tinha de jogar fora", disse. Essa batata desclassificada é a que está sendo distribuída à população carente. Segundo Kloster, o produto está sendo reclassificado, para separar o que pode ser consumido sem risco. "Não há saída. O preço para beneficiar e lavar daria muito prejuízo, preferem doar, e a prefeitura e outras instituições levam o produto a quem precisa", explicou o secretário da Agricultura e do Meio Ambiente do município, Ireno Cichaczewski.

De acordo com o secretário, Guarapuava conta com cerca de 40 produtores de batata que produziram perto de 60 mil toneladas do produto. Os agricultores da região estimam que cerca de 10% da área nem seja colhida, por causa dos altos custos. Para Paulo Roberto Meira, chefe do Deral, a situação crítica pode estar perto do fim, já que 85% da batata da região de Guarapuava já foi colhida. Na região metropolitana de Curitiba, que sofreu com o mesmo problema, a colheita já chegou a 100%.

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