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Veja como a inflação está reagindo a queda dos preços das commodities |
Veja como a inflação está reagindo a queda dos preços das commodities| Foto:

Saída de fundos derrubou preços

Boa parte da queda dos preços das commodities nas últimas semanas se deve à realização de lucros de fundos de investimento que vinham apostando forte nesses mercados. Com a previsão de retração da demanda nos EUA, na Europa e no Japão, esses fundos retiraram suas posições, puxando para baixo as cotações.

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Juros devem seguir em alta

Apesar dos sinais de desaceleração da inflação, o Banco Central deve manter os juros em alta. O mercado prevê que a taxa fechará o ano em 14,75%. "A inflação permanece como uma ameaça para as economias globais", diz Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios. Os juros mais altos devem afetar o crescimento da economia em 2009 -- segundo o BC, a expectativa caiu de3,9% para 3,73%. Para 2008, foi mantida a previsão de 4,8%. Para o coordenador do curso de Economia da Unifae, Gilmar Lourenço, a inflação atual, "importada", é de custos, e não de demanda. "Aumentar os juros não gera efeito nesse caso. Juros mais altos podem frear o consumo, mas os preços vão continuar a subir."

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Queda afeta saldo comercial

A redução nos preços das commodities pode obrigar o Brasil a rever sua estratégia para manter o superávit na balança comercial. Como o país tem cerca de 50% de sua pauta de exportações concentrada em commodities, a queda nas cotações internacionais pode resultar em uma receita de exportação menor e complicar ainda mais o cenário da balança comercial. Um relatório da Organização Mundial do Comércio (OMC) sugere que a queda nos preços dos bens agrícolas pode reduzir "de forma substancial" o superávit brasileiro. Até agora, os preços vinham compensado o câmbio desfavorável para as vendas externas.

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  • Entenda como as oscilações das commodities podem afetar o seu bolso

A queda nos preços internacionais de commodities como soja, milho, trigo e petróleo promete dar uma trégua na inflação, pelo menos até o fim do ano. O consumidor deve sentir no bolso um ritmo menos intenso de reajustes. A redução da demanda nos Estados Unidos, na Europa e no Japão e a saída de alguns fundos de investimento desses mercados fizeram despencar os preços de produtos que vinham incendiando a inflação nos últimos meses.

A soja fechou a sexta-feira cotada a R$ 444 por tonelada na Bolsa de Chicago, com queda de 20% sobre o pico registrado em julho. Depois de atingir a cotação histórica de US$ 275,3 em junho, o milho encerrou a semana valendo US$ 216 por tonelada. O trigo, que chegou a US$ 420,9 em março, encerrou o pregão a US$ 311. Com o barril em US$ 113,77, o petróleo acumula uma desvalorização de 21% desde o recorde alcançado no mês passado.

Embora não tenha desaparecido, o "dragão da inflação" deu sinais, nas últimas semanas, de que resolveu de que resolveu tirar um cochilo. Dois indicadores divulgados recentemente reforçam essa tendência. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que serve de base para os regimes de metas de inflação, encerrou julho em 0,53%, ante 0,74% no mês anterior.

A desaceleração foi provocada pela perda de fôlego dos preços dos alimentos, cujos preços subiram 1,05% em julho, a metade da variação de junho (2,11%). A primeira prévia deste mês do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) apresentou deflação de 0,01%, depois de ter subido 1,55% em julho. "A previsão é que essa desaceleração seja sentida de maneira mais expressiva em agosto e a partir de setembro o índice caminhe para estabilidade", prevê Fabio Romão, da LCA Consultores. Em função da desaceleração dos preços internacionais das commodities, a LCA estima para agosto uma inflação medida pelo IPCA geral de 0,40% e uma variação de 0,5% no setor de alimentos e bebidas.

De acordo com a última pesquisa semanal Focus do Banco Central, divulgada na semana passada, analistas do mercado financeiro já prevêem o retorno do IPCA (6,45%) para dentro do intervalo previsto pela meta de inflação, que vai até 6,5%. Alguns economistas, no entanto, ainda esperam que o índice ultrapasse o teto previsto pelo governo. "A nossa previsão é de uma inflação de 6,7% esse ano e de 5% para 2009", diz Luiz Fernando Azevedo, da consultoria Rosenberg & Associados.

Segundo ele, a demanda aquecida ainda deve servir de barreira para uma queda maior de alguns preços. E o consumidor não deve sentir imediatamente os efeitos da desaceleração da inflação. "Primeiro porque a soja e o milho, por exemplo, têm um peso pequeno na composição do índice e, segundo, porque o primeiro efeito se dá no atacado. O reflexo no varejo é mais demorado", diz Azevedo.

Apesar do alívio, os preços das commodities podem voltar a subir em 2009, no embalo da redução dos estoques mundiais e da retomada do consumo, segundo Fernando Muraro, analista da AgRural. "O tigre está ferido, mas não está morto. Poderemos ter picos de preços próximos do que vimos neste ano e voltar a registrar pressões inflacionárias." Segundo ele, o grau de recuperação das cotações vai depender da intensidade da recessão nos Estados Unidos, da eventual redução das áreas de plantio pelos produtores e da demanda mundial. Embora as cotações mundiais tenham recuado, o cenário de escassez de alimentos permanece. "Já sabemos que, com os tetos registrados neste ano, há uma retração do consumo. O desafio será encontrar um equilíbrio de mercado", afirma.

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