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Funcionário faz manutenção de rede da Sercomtel: reestruturação teve impacto negativo no balanço de 2013 | Gilberto Abelha / Jornal de Londrina
Funcionário faz manutenção de rede da Sercomtel: reestruturação teve impacto negativo no balanço de 2013| Foto: Gilberto Abelha / Jornal de Londrina

55% das ações da Sercomtel pertencem à prefeitura de Londrina e as 45% restantes, à Copel. A administração municipal estuda vender parte de sua fatia na empresa a uma empresa privada.

Operadoras de pequeno porte têm dificuldade para competir

Os problemas da Sercomtel teriam começado com o marco regulatório do setor da telefonia, no fim da década de 1990, quando surgiu a dificuldade da empresa em concorrer com multinacionais.

Para o especialista em telecomunicações Walter Tadahiro Shima, economista da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a baixa capacidade de escala em relação ao custo de operação e a novos investimentos é um dos principais problemas que estatais de pequeno porte na área da telefonia enfrentam.

"O mercado da telefonia é oligopolizado. Você não tem operadoras de pequeno porte no mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, são apenas três grandes operadoras", comenta. Para ele, em casos como o da Sercomtel a privatização é a única saída para tornar a empresa competitiva.

"Pode-se até postergar isso [a privatização], mas é algo que sempre vai exigir mais esforço dos mantenedores", diz o economista Vanderlei Sereia, da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Copel

Também especialista em Telecomunicações, Mário Jorge de Tavares presidiu a Sercomtel em 2009 e trabalhou na empresa por mais de 35 anos. Para ele, o caminho natural seria a Copel, como detentora da capilaridade de rede e acionista, passar a ter presença maior na gestão – e poderia inclusive se tornar a operadora de telecomunicações do governo do estado.

"Não podemos esquecer que em 1998, o Município recebeu consideráveis recursos [R$ 186 milhões] pela compra, pela Copel, de 45% das ações. E, ao que nos conste, eles não foram investidos na Sercomtel, nem nas necessidades maiores dos munícipes. Ou, se o foram, talvez não tenha havido a adequada transparência e divulgação", comenta.

A saída para os problemas financeiros da Sercomtel – empresa de telefonia estatal que opera em Londrina – pode ser a venda de parte das ações para o setor privado, que passaria a administrar a companhia.

A possibilidade, em estudo pelo prefeito Alexandre Kireeff (PSD), não é tratada como uma privatização total, mas como uma alternativa para dar fôlego à empresa sem que o município deixe de ser acionista. Fundada há 45 anos, a estatal só teve lucro operacional duas vezes desde 1996.

A princípio, mesmo com a venda de parte dos 55% de ações que estão no município para a iniciativa privada, a Sercomtel continuaria a ter a prefeitura de Londrina como sócia, ainda que minoritária. A Copel também tem ações na estatal – é dona de 45% da empresa.

"Fizemos algumas discussões técnicas a respeito dos possíveis cenários para o futuro da Sercomtel e um dos que chamaram a atenção é tornar a gestão da empresa privada. É um regime diferenciado, que daria mais agilidade e competitividade à empresa", afirma Kireeff.

Somente no ano passado, a empresa perdeu 8,4 mil clientes de telefonia móvel, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Ainda segundo a agência, o número de usuários baixou de 69.507 em 2012 para 61.071 no ano passado. Na telefonia fixa, o rendimento teria sido melhor, com o reforço de 4,5 mil novos clientes, o equivalente a um crescimento de 3%, alcançando a marca de 158.885 linhas.

A Sercomtel, contudo, diz que os números divulgados pela Anatel não estão corretos. "Na telefonia fixa tivemos um crescimento líquido de planta de 10,7%, com 20 mil novos clientes. Foi o nosso maior ano de vendas na telefonia fixa e banda larga", diz o presidente da empresa, Christian Schneider. Ele sustenta que, no caso da telefonia móvel, a empresa não perdeu clientes. Os números de 2013 estariam corretos, mas os do ano anterior não teriam contado com uma limpeza de base, em que as linhas pré-pagas sem uso por seis meses foram cortadas.

Balanço negativo

Schneider adianta que o balanço financeiro da Sercomtel, ainda a ser divulgado, será "extremamente negativo". A situação, explica, é reflexo das medidas adotadas ano passado para reestruturar a estatal. Houve a falência de duas operadoras de tevê a cabo que pertenciam à estatal, a saída de cerca de 150 empregados desde 2012 e fusões de diretorias, mesmo com estabilização do faturamento. "Tudo isso agora vai impactar como perda contábil", antecipa.

O caixa só deve ficar positivo a partir de abril, assinala o presidente. Ainda assim, garantir um resultado melhor para 2014 depende da negociação de mais um aporte financeiro junto aos acionistas, no valor de R$ 15 milhões. Hoje, pontua Schneider, não há como cortar mais despesas com pessoal, como foi feito em 2013. "O que nós ainda vamos ter é um novo estatuto social, com a diminuição de gerências e direções", diz.

Etapas Prefeitura avalia se tem de fazer plebiscito antes de vender ações O presidente da Sercomtel, Christian Schneider, explica que, antes de qualquer medida em relação a uma possível privatização da Sercomtel, é preciso concluir a entrega de ações preferenciais para donos de linhas telefônicas antigas. São cerca de 3,3 milhões de ações. O prazo segue até outubro e é prorrogável por mais um ano. O prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff (PSD), também se ateve a isso antes de dizer quando o processo de venda de parte da empresa deverá ser aprofundado. Segundo ele, também é preciso fazer uma análise jurídica sobre a necessidade de realizar plebiscito ou não antes de tornar privada a gestão da Sercomtel. Expansão A Sercomtel opera em 63 cidades do Paraná. Segundo Schneider, há planos para entrar em mais 20 municípios até o fim do ano, a partir de uma parceria com a Copel. A possibilidade de expandir a operação apenas com recursos próprios também é estudada, porém está diretamente relacionada a financiamentos. "Hoje, nosso maior problema é o fluxo de caixa", define Schneider. Ele argumenta que quanto mais rápidas forem as tratativas para a liberação do aporte que a estatal necessita, melhor será o encaminhamento para equilibrar as contas e buscar a geração de novas receitas. "Tudo vai depender da nossa capacidade de investimento. É um momento de alavancagem", salienta o presidente.

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