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Como aconteceu a tragédia de Goiânia |
Como aconteceu a tragédia de Goiânia| Foto:

Cenário não beneficia micro e pequenas

Motivo de festa para boa parte dos fornecedores de autopeças, o melhor ano da história da indústria automobilística nacional causa preocupação a pequenas empresas do setor. Com margens de lucro reduzidas, muitas não têm capital para investir em expansão e aumentar a produção na velocidade exigida pelas montadoras. Trabalhando no limite de sua capacidade, ainda convivem com a ameaça de ser substituídas por fornecedoras chinesas – cujas autopeças custam até 40% menos, em alguns casos.

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Empresa espera dobrar receita por dois anos seguidos

Graças a um projeto iniciado há dois anos, a fabricante de peças de alumínio Itesa não terá dificuldade para dobrar seu faturamento neste ano – e registrar nova expansão de 100% no ano que vem. Instalada em Palmeira, a 80 quilômetros de Curitiba, a companhia investiu R$ 18 milhões em novos equipamentos desde 2005, quando decidiu se concentrar no setor automotivo.

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Nem a mais otimista das montadoras esperava, no início do ano, que o mercado brasileiro de veículos chegaria a setembro acumulando uma alta de 27% nas vendas. As primeiras estimativas, de um avanço de 10%, foram rapidamente superadas, e obrigaram a indústria e a cadeia de fornecedores a rever todo o planejamento de produção. A forte demanda por autopeças causou correria nos últimos meses, mas os fabricantes de médio e grande porte já parecem adaptados ao novo patamar de produção. Com maior capacidade para reagir ao crescimento do mercado, comemoram o expressivo aumento das receitas, investem em novos equipamentos e anunciam contratações.

O cenário não é exclusividade da Região Sudeste, onde se concentram as maiores montadoras. A indústria de autopeças do Paraná, o terceiro maior pólo automotivo do país, também teve de se desdobrar para socorrer seus clientes – distribuídos por todo o Brasil, já que mais de 80% da produção local de componentes vai para outros estados. A boa fase reverte uma tendência de demissões observada há pouco mais de um ano, quando pelo menos quatro empresas de Curitiba e região, afetadas por dificuldades nas montadoras locais, mandaram embora mais de 600 pessoas.

A multinacional japonesa Denso, fabricante de sistemas de ar-condicionado que tem em Curitiba sua maior fábrica brasileira, contratou 200 trabalhadores desde janeiro, elevando para mil o número de funcionários da linha de montagem. O terceiro turno, que até o ano passado só era aberto em picos sazonais, agora funciona todos os dias. "Estamos trabalhando em capacidade máxima. Todo o setor de autopeças está no limite", revela o diretor de recursos humanos e administração da Denso, Dante Yasuda. "Temos um projeto para expandir a produção. O problema é que essa demanda não foi prevista pelas próprias montadoras, e nos pegou de surpresa."

Na Metalúrgica Atra, de São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba), os funcionários tiveram de fazer hora extra nos últimos dois meses. "Em maio e junho, houve aumento do preço das matérias-primas, e os fornecedores seguraram a entrega. Com essa dificuldade para comprar insumos, tivemos que compensar em julho e agosto", explica Natália Rimi, diretora de operações da empresa, que fabrica peças estampadas e conjuntos soldados e tubulares. Segundo ela, o ritmo de trabalho só foi normalizado em setembro. "Demoramos um mês para nos adequarmos, com contratações e aquisição de novos equipamentos", explica Natália. Nesse período, o número de funcionários passou de 63 para 72, e a capacidade de produção foi elevada em 11%. Com isso, a empresa poderá acompanhar o ritmo do mercado nacional e faturar 30% mais neste ano.

A fabricante de plásticos de engenharia MVC-Marcopolo, de São José dos Pinhais, não chegou a passar por aperto para atender às sete montadoras de automóveis e caminhões que são suas clientes. "A nossa expectativa já era de um crescimento forte. Como cada novo projeto exige um planejamento de quatro a cinco meses, conseguimos nos programar com bastante antecedência", explica o diretor-geral da empresa, Gilmar Lima. Nos últimos 12 meses, o número de funcionários passou de 450 para 600.

Em breve, a empresa deve contratar mais trabalhadores, que começam a ser treinados para produzir a partir do ano que vem. Até o fim de 2008, a MVC deve contar com um total de 750 trabalhadores. Apenas a produção já contratada pelas montadoras garante um crescimento superior a 30% no ano que vem, segundo Lima. A empresa, que em 2006 produziu 12 mil toneladas de componentes – como painéis, pára-choques e plásticos para acabamento interno dos veículos – vai fechar este ano com vendas de 15 mil toneladas. De acordo com o diretor, a previsão para 2008 é de pelo menos 20 mil toneladas.

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