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Estação Convention Center, que vai fechar: espaço tem capacidade para receber 5 mil pessoas simultaneamente | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Estação Convention Center, que vai fechar: espaço tem capacidade para receber 5 mil pessoas simultaneamente| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Alternativas

Centros passam por ampliações

O futuro do Centro de Convenções do Parque Barigui é outra dúvida do mercado curitibano. No fim do ano passado, a prefeitura de Curitiba lançou um edital para a exploração do espaço. A empresa interessada deverá construir um novo pavilhão em substituição ao antigo, com 10 mil m² de área total, além de investir na conservação do parque. A permissão valerá por 25 anos.

Dois consórcios entregaram projetos: Positivo J. Malucelli e Mariqui. O processo licitatório passa agora por análise técnica das empresas interessadas, mas ainda não há data para abertura dos envelopes com as propostas.

O Centro Integrado dos Empresários e Trabalhadores da Indústria do Estado do Paraná (Cietep), pertencente à Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), está sendo ampliado. Com o término estimado para o segundo semestre, o pavilhão de exposições vai quase dobrar de tamanho, passando de 6 mil m² para 11 mil m². "O primeiro objetivo é atender à indústria, mas também vamos abrir para eventos de fora, dando prioridade a eventos ligados a tecnologia, inovação, empreendedorismo e gestão", afirma Moacir Moura, gerente de eventos e alimentação da Fiep.

Com a expansão, a federação estima um aumento de 30% na taxa de ocupação, e o Cietep passará a recepcionar uma média de 200 eventos ao ano.

O Expo Unimed Curitiba, pertencente ao Grupo Positivo, também está sendo ampliado. As obras, que prosseguem até junho, vão ampliar a área total do pavilhão em quase 40%, passando dos atuais 8,3 mil metros quadrados para 11,5 mil.

O setor de turismo de negócios em Curitiba se prepara para sentir o baque provocado pelo fechamento do Estação Convention Center, que encerra as atividades em julho após sete anos de atuação. Considerado o espaço para eventos mais central e estruturado da capital, a perda do espaço faz com que a cidade deixe de acompanhar o crescimento no número de eventos corporativos estimado para o Brasil em 2011.

De acordo com a Associação Brasileira dos Centros de Conven­­­­­ções e Feiras (Abraccef), neste ano o país promoverá 8% a mais de encontros de negócios em relação a 2010, devido principalmente à expansão da economia e à proximidade crescente com a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Serão 180 mil eventos de pequeno, médio e grande porte. Curitiba, porém, vai andar na contramão dessa tendência. Ao longo deste ano, a retração calculada é de 30%. Isso representa a perda de 5 mil participantes de eventos, que gastam, em média, R$ 550 por dia na cidade.

"A saída do Estação Conven­­tion vai ser um corte no pescoço de todos os empresários paranaenses. O local havia se tornado um nome de reconhecimento internacional", avalia Margareth Pizzatto, presidente da Abraccef. "Curitiba está deixando de ser a segunda cidade do país em termos de receptividade para eventos e passa a se tornar a terceira ou quarta. Passamos da vanguarda ao retrocesso."

Em setembro do ano passado, a Gazeta do Povo noticiou as negociações entre a BR Malls, proprietária do Shopping Estação, e a GL Events, administradora do Convention Center, para mudança no perfil de atuação do espaço. Após o fim do contrato entre as duas empresas, em julho, a BR Malls começa a adaptar o apêndice do shopping para transformá-lo em condomínio corporativo. Segundo fontes de mercado, a empresa estima que o aluguel de salas comerciais vai dobrar o faturamento anual com a exploração do espaço.

Sem o Estação Convention Center, que tem 25 mil metros quadrados e capacidade simultânea para 5 mil pessoas, Curitiba passa a ter apenas dois espaços para eventos de grande porte: o Expo Unimed, dentro do câmpus da Universidade Positivo, no Campo Comprido; e o Expotrade, em Pinhais, região metropolitana. Além disso, outros empreendimentos da cidade estão sendo ampliados ou projetados (leia texto nesta página). "O Expo Unimed seria o substituto natural do Estação, mas tem um perfil diferenciado. O Estação Convention foi estrategicamente idealizado para se servir dos hotéis e restaurantes ao redor, e reduzir custos de transporte para os organizadores e participantes", explica Margareth.

Migração

Julio Urban, diretor da Idealiza Eventos, acredita que o maior impacto ocorrerá a partir de 2012. Sem o Estação, os outros dois centros de convenções tendem a absorver parte da demanda. O restante, porém, não poderá ser atendido. "Há um primeiro impacto, porque o Centro de Convenções é gerador de demanda para a cidade, e ajuda a trazer projetos. Mas como eu trabalho com congressos marcados com até cinco anos de antecedência, devo sentir o problema em 2012 e 2013. Mas acredito que no fim a lacuna seja assimilada por outros segmentos", avalia.

Devido ao funil criado pela perda do espaço, os promotores de eventos de Curitiba afirmam começar a investir mais em outras cidades. É o caso do empresário Carlos Jung, presidente da Diretriz Empreendi­­mentos, que relata estar direcionando investimentos para São Paulo e outras localidades no Brasil. "Curitiba já teve a chance de se consolidar como o segundo polo do país, mas deixou passar a oportunidade por falha das autoridades públicas, que não investiram no turismo de negócios", avalia.

Segundo Jung, a cidade tem a vocação natural para recepcionar encontros corporativos. "O turista de lazer procura atrações naturais que a nossa cidade não tem como oferecer. Está fadada ao turismo de negócios, portanto. São Paulo, que tem perfil semelhante, inaugura um evento a cada oito minutos. O governo local sabe que precisa desse público, que dá uma movimentação extraordinária para o comércio local", relaciona.

O comércio local também estima perdas. "Um evento no Estação causava um aumento de 20% a 30% em bares e restaurantes em toda a cidade", informa Luciano Bartolomeu, presidente executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Paraná (Abrasel-PR). Ele lembra que o turista de negócios representa um filão de luxo para os estabelecimentos, por causa do valor médio gasto por esse tipo de cliente. "Como ele vem com passagem e hotel pagos, se permite gastar mais", diz.

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