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A retração da demanda mundial por diversos produtos, incluindo insumos químicos, e a decisão das fabricantes de papel e celulose de renegociar contratos devem resultar na queda dos custos de produção do setor no Brasil neste ano, principalmente no primeiro semestre. Como o segmento acumulou elevados níveis de estoques no fim de 2008, houve defasagem entre o início da redução dos custos, a partir de setembro do ano passado, e o impacto desses valores nas contas das empresas.

Por conta disso, os primeiros efeitos reais da queda de custos não foram registrados nos balanços do quarto trimestre do ano passado, mas já devem ter impacto nos resultados do primeiro trimestre de 2009. Esse movimento, dizem os executivos do setor, acompanhará a trajetória das cotações de alguns produtos químicos, além de aparas e fertilizantes, entre outros itens.

O preço do óleo combustível, por exemplo, caiu à metade desde seu ápice, em meados de 2008, segundo o diretor-geral da Klabin, Reinoldo Poernbacher. No caso dos fertilizantes, cujos custos são representativos no processo de formação de base florestal, os preços já caíram aproximadamente 20%, de acordo com o diretor-presidente da Suzano, Antonio Maciel Neto.

Outro produto que apresenta retração nos custos é a apara, bastante usada pelos fabricantes de papelão ondulado na produção de uma das camadas do produto. Segundo levantamento da consultoria RISI, especializada no setor de celulose e papel, o preço do produto caiu quase 20% entre o terceiro e o quarto trimestre do ano passado.

Negociações

A redução dos preços de insumos e serviços usados pelo setor de papel levou as empresas a iniciar um movimento de renegociação de contratos. O objetivo da medida é ajustar os custos de produção à nova realidade da economia mundial.

Suzano e Klabin já confirmaram que estão em meio a negociações. "Estamos fazendo renegociação de praticamente todos os contratos de serviços, produtos e matérias-primas", informou Poernbacher, da Klabin.

A Suzano, por sua vez, tem uma "força-tarefa" para renegociar com fornecedores, informou o diretor de Relações com Investidores da companhia, André Dorf. "Acredito que o resultado do segundo trimestre já deverá refletir em grande parte as renegociações de preços da companhia", afirmou o executivo, que evitou dar detalhes sobre as conversações.

Segundo Poernbacher, da Klabin, há casos em que produtos negociados em dólar apresentam queda de preços inferior à variação cambial. Por isso os preços para os fabricantes brasileiros estariam ainda mais altos do que no período pré-crise. Esse é o caso, segundo ele, da soda, um dos insumos químicos mais utilizados pela indústria de papel e celulose, que passou de aproximadamente US$ 870 por tonelada para cerca de US$ 700 por tonelada, uma queda de aproximadamente 20%. Já a valorização do dólar sobre o real supera os 30% desde o início da crise.

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