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Brasil está no "time dos sólidos"

Brasília – Os fundamentos econômicos levam o Brasil a uma posição de país sólido, o que faz com que fique de fora dos efeitos da atual turbulência que atinge os mercados internacionais. A avaliação é do ministro Guido Mantega (Fazenda), que informou que o Tesouro Nacional não registrou nenhum movimento de pressão sobre os títulos brasileiros. "O país está muito sólido para enfrentar uma situação como essa. O mercado não está preocupado com o Brasil."

Mantega admitiu que a turbulência se "agudizou" ontem, mas voltou a afirmar que as reservas internacionais estão quase US$ 100 bilhões acima do registrado há um ano, e que esses recursos (US$ 157,6 bilhões), aliado a uma melhor situação das contas públicas, dão condições para o Brasil resistir a oscilações no mercado internacional. "Não há nenhum receio. O Brasil está no time dos países sólidos."

São Paulo – O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), encerrou a quinta-feira aos 53.431 pontos, com forte perda de 3,28%. Após a relativa calmaria dos últimos três pregões, o mercado voltou a tremer com uma onda de notícias negativas sobre os problemas com os créditos de alto risco do setor imobiliário americano. O dólar comercial teve alta de 2,06%, e terminou a quinta-feira negociado a R$ 1,926.

O fato de um importante banco francês, o BNP Paribas, ter congelado ontem os saques de seus fundos devido a problemas no mercado, reforçou os temores de que os problemas com os créditos "subprimes" (concedido a clientes de maior inadimplência) podem atravessar as fronteiras dos Estados Unidos (EUA). A notícia também derrubou as bolsas européias. Na semana passada, o americano Bears Sterns já havia relatado problemas com fundos que tinham em suas carteiras esses créditos.

Há meses o mercado monitora com preocupação os empréstimos de alto risco no setor de hipotecas americanas. Várias empresas já relataram problemas de caixa por conta desses créditos de segunda linha. Grandes fornecedores de recursos começaram a negar liquidez para algumas das principais companhias que trabalhavam com esses empréstimos, o que acendeu o sinal vermelho dos investidores nas últimas semanas. Eles temem que os problemas com essas hipotecas se propaguem pelo restante do mercado de crédito e da economia do país – o medo de um "credit crunch"– afetando o restante da economia americana.

"O mercado está cauteloso em excesso devido aos problemas das últimas semanas. Não é uma análise fria, é feita no momento de uma crise [o problema com os 'subprimes'], que por enquanto tem se mostrado isolada", afirma o analista da corretora Spinelli, Daniel Gorayeb.

Para ele, as fortes quedas dos últimos dias refletem mais um movimento de realização de lucros (venda de papéis muito valorizados) que era esperada, na verdade, no decorrer do mês de julho. "As vendas de casas [nos EUA] estão caindo, mas não os preços, o que seria o verdadeiro problema. O que nós estamos vendo agora é uma correção de excessos do mercado imobiliário [dos EUA] nos últimos anos."

O analista ressalta que ainda é cedo para saber se existe uma mudança de tendência das Bolsas. "É claro que esses problemas devem afetar um pouco a economia, mas por enquanto, estão afetando mais o lado psicológico [do mercado] que a economia real."

A diretora de câmbio da corretora AGK, Miriam Tavares, avalia que o socorro financeiro dos bancos centrais deve ser suficiente para conter a crise. "Os mercados estão operando perto dos picos e, depois de reavaliar a situação, devem corrigir os exageros. Isso se não houver mais nenhum fator negativo importante, especialmente ligado ao mercado imobiliário e ao de crédito."

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