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 | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Com planos de faturar R$ 1,8 bilhão em 2011, o empresário Joel Malucelli, dono do grupo paranaense que reúne 62 empresas, quer diversificar ainda mais seus negócios. Vai ingressar com força no ramo imobiliário até o fim do ano, es­­tá à procura de um fundo para capitalizar sua subsidiária da área de energia e diz que chegou a negociar a entrada em um consórcio para participar da licitação do trem-bala, que vai ligar Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro em uma obra orçada em cerca de R$ 30 bilhões.

Em entrevista à Gazeta do Povo, Malucelli falou sobre os planos do grupo para este ano e disse que, embora a economia brasileira vá crescer menos, segmentos nos quais atua, como construção, infraestrutura e energia, devem continuar a garantir bons resultados para o grupo. Os investimentos neste ano devem somar R$ 480 milhões, quatro vezes mais que os R$ 120 milhões aplicados no ano passado.

Qual é a expectativa do grupo para este ano?

No ano passado, fechamos com um faturamento de R$ 1,524 bilhão, contra o R$ 1,1 bilhão em 2009. Para este ano, devemos chegar a R$ 1,8 bilhão, com lucro de R$ 180 milhões.

O senhor sempre diz que está à procura de sócios. O grupo está procurando no momento?

Sempre queremos sócios. Foi assim com a norte-americana Travelers, que se associou à nossa seguradora em novembro de 2010 [ao comprar 43% das ações]. No momento, estamos estudando a possibilidade de entrada de um fundo na JMalucelli Energia, por exemplo. Contratamos o BTG Pactual e o JP Morgan para nos ajudar nessa estratégia. A empresa está crescendo e tem hoje 16 projetos em geração e transmissão em andamento, inclusive uma usina eólica em Natal, orçada em R$ 1,7 bilhão, na qual temos 51% de participação. O consórcio conta ainda com Furnas e Eletronorte.

O grupo não estava preparando a JMalucelli Energia para abrir capital?

O nosso plano era lançar ações em junho, mas o projeto foi adiado para o próximo ano, devido às turbulências no mercado acionário provocadas pelo desastre no Japão. A intenção é fechar uma parceria com um fundo.

O grupo JMalucelli tem interesse em atuar na área imobiliária?

Há planos, sim, e vamos começar a colocá-los em prática no fim deste ano. Temos quatro terrenos já comprados: um em Itapema, em Santa Catarina; outro em frente à fábrica da Renault/Nissan, em São José dos Pinhais; um outro entre An­­tonina e Morretes; e um em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Chegamos a atuar nesse ramo no passado, com alguns loteamentos em Arau­cária, mas deixamos esse mercado. Agora é o momento de retomar.

O grupo terá parceiros na área imobiliária?

Já conversamos com algumas empresas do ramo, mas a ideia é criar um fundo para bancar a atuação na área imobiliária. A nossa intenção é atuar em loteamentos de alto padrão no Paraná e em Santa Catarina. No terreno entre Morretes e Antonina, teremos um loteamento para classe média alta, com campo de golfe. Em Ribeirão Preto serão condomínios mais populares, com casas de 250 metros quadrados. Juntos, esses projetos têm Valor Geral de Vendas [VGV] de R$ 1,2 bilhão. O primeiro que deve ser lançado é o Terras do Itaqui, em São José dos Pinhais. A área imobiliária vai receber R$ 100 milhões em investimentos.

A JMalucelli Construção, uma das principais empresas do grupo, está erguendo a usina de Mauá, no Paraná, a de Colíder, em Mato Grosso, e em junho inicia a construção de Belo Monte, no Pará. Quais os planos para 2011?

Acabamos de entregar a barragem da usina de Mauá [no Rio Tibagi] e estamos começando a de Colíder e Belo Monte. Trata-se de uma área com grande potencial de crescimento, não apenas na área de energia. Chegamos a negociar nossa participação na disputa para a licitação do trem de alta velocidade [que vai ligar Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro]. Negociamos com o grupo dos coreanos da Hyundai. Mas o valor do investimento era alto, de R$ 100 milhões, e achamos que não era o momento.

Hoje, das 62 empresas do conglomerado, o grupo é majoritário em 51 delas. O objetivo é continuar assim?

Queremos ser majoritários e a nossa atual fase é consolidar nossa carteira na área de energia e construção. Acredito que a área de infraestrutura terá um crescimento expressivo no Brasil nos próximos anos, com as obras para a Copa do Mundo e a Olimpíada. Somente em equipamentos para construção pesada vamos investir R$ 80 milhões em 2011.

O Paraná Banco sofreu os impactos das restrições ao crédito adotadas pelo Banco Central, que atingiram também o empréstimo consignado, o principal negócio da instituição?

Ao contrário, estamos crescendo. Muitos bancos estão menos ativos nesse mercado, principalmente os que costumavam negociar carteiras com bancos grandes. Com os problemas no PanAmericano, esses bancos deixaram de adquirir carteiras. Além disso, acredito que o consignado, apesar da tendência de crescimento menor nos próximos anos, tem espaço a ganhar no setor privado.

Quais são os planos para o Paraná Banco?

Contratamos a consultoria Booz Allen para verificar o potencial do banco nos próximos anos, e queremos que o Paraná Banco seja cada vez mais um banco regional, com forte atuação no Paraná e em Santa Catarina, com foco no consignado, no crédito direto para consumo [CDC] para lojistas e no middle market [pequenas e médias empresas].

Isso significa que o banco vai reduzir a operação em outros estados?

Não, até porque atuamos com o modelo de franquias. Mas está claro que é muito mais fácil aprovar um empréstimo aqui do que em Minas Gerais, por exemplo.

Joel Malucelli, fundador do Grupo JMalucelli

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