
Resident Evil é um bom exemplo de uma série que soube se renovar para os novos tempos. Abandonou a antiga mecânica de sobrevivência e sustos para se tornar uma aventura mais focada em ação e monstros. As diferenças entre os primeiros títulos e os mais recentes são tantas que a única ligação são os nomes de alguns personagens. Com Silent Hill, no entanto, o cenário é diferente. Sem apresentar novas ideias, a franquia caiu num marasmo que perde a relevância a cada lançamento, como em Downpour, lançado recentemente.
Silent Hill: Downpour conta a história de Murphy Pendleton, um presidiário com passado incerto que precisa ser transferido de penitenciária após matar com golpes de faca um outro detento. Durante a viagem de transferência, o ônibus que leva o protagonista sofre um acidente e despenca num barranco. Aparentemente todos morrem, menos Murphy, que aproveita a oportunidade para escapar. O que ele não faz ideia é que o novo cenário é habitado por forças do mal. É basicamente a mesma história presente nas sete versões anteriores: o protagonista está num trajeto qualquer, sofre um acidente de carro e se vê numa cidade fantasma com um universo paralelo maligno.
Provavelmente sabendo que apenas o argumento não conseguiria convencer os jogadores antigos da franquia, os desenvolvedores da Vatra Games decidiram fazer mudanças na jogabilidade. Umas das alterações mais perceptíveis foi o aumento dos cenários, que podem ser explorados quase que completamente, não obrigando o jogador a percorrer caminhos estritamente pré-definidos. Com isso, pode-se agora realizar diversas missões secundárias, que ajudam explicar melhor alguns acontecimentos da trama principal além de prolongar o tempo de duração do jogo.
Mas com o aumento da área de exploração também veio um maior número de inimigos, deixando de lado uma das características principais de Silent Hill, que era o terror psicológico. Antes, o jogador tinha que prender a respiração para entrar em um quarto escuro, pois temia o que poderia ali estar escondido. Sem a roteirização, os monstros aparecem com maior frequência, diminuindo a capacidade de gerar susto. Os desenvolvedores também tiveram que alterar os modos de combate, que estão muito mais dinâmicos. Murphy Pendleton pode usar vários objetos do cenário para esmagar o inimigo. Com muitos zumbis e armas, a única estratégia possível é também esmagar os botões do joystick, tornando a tarefa apenas repetitiva e sem grandes apelos.
Outra mudança que não trouxe ganhos foi a mudança de cenário. A antiga névoa que na verdade escondia a incapacidade técnica dos consoles antigos em renderizar grandes áreas, mas tinha seu charme foi substituída por uma chuva constante. Com mais visão, perde-se mais um pouco do fator surpresa. Outros tropeços são as câmeras diversas vezes mal posicionadas e a ocorrência de travadas quando há muitos personagens na tela. No fim, Downpour ainda dá alguns sustos. Mas fica muito longe dos primeiros jogos de Silent Hill.



