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Demissões da indústria automotiva

Fernanda Leitóles, com informações de André Lückman

Desde que estourou a crise econômica mundial (em outubro do ano passado), 2,8 mil trabalhadores paranaenses das empresas automotivas foram demitidos. A Bosch já havia desligado 700 colaboradores. Já a Volvo (que produz ônibus e caminhões em Curitiba) dispensou 430 funcionários no início de dezembro de 2008. A Case New Holland (produtora de máquinas agrícolas na capital) mandou 700 pessoas embora - em dois cortes feitos. A Volkswagen, em São José dos Pinhais, demitiu cerca de 60 pessoas. E a Renault, também em São José, suspendeu os contratos de quase mil colaboradores, mas todos foram recontratados.

Além disso, o Sindicato da Indústria Metal-Mecânica (Sindimetal-PR), que concentra fornecedores de montadoras e da indústria de máquinas e equipamentos, afirmou que aproximadamente seis mil funcionários das empresas filiadas foram demitidos por causa da crise.

Mas, o secretário municipal do Trabalho, Jorge Bernardi, acredita que parte desses funcionários foram contratados pelo setor de serviços, o qual continuou a admitir colaboradores, ao contrário do setor industrial. Já o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) não se mostrou tão otimista quanto à recolocação desses profissionais no mercado de trabalho. E, de acordo com o órgão, não há como quantificar o porcentual dos trabalhadores das empresas automotivas que conseguiram novos empregos.

O Sindicato dos Metalúrgicos da região de Curitiba (SMC) protocolou na manhã desta sexta-feira (19) um pedido para que o Ministério Público do Trabalho (MPT) intervenha na negociação com a Bosch, para tentar reverter a demissão de 900 funcionários da empresa, que foi anunciada na tarde de quinta-feira (18).

De acordo com a assessoria de imprensa do MPT, ainda não havia sido definido quem será o procurador que cuidará do caso e nem quais ações serão adotadas pelo órgão nesse caso. O órgão disse também que, em janeiro desse ano, o sindicato já havia protocolado outra ação contra a Bosch, pedindo que fosse feita a intermediação. A ação de janeiro está sendo analisada pelo procurador do Trabalho Luercy Lino Lopes, mas ainda não há uma definição sobre o caso. Também não sabe se a ação dessa sexta-feira será passada a Lopes ou será analisada em separado por outro procurador, pois ainda passa por trâmites internos.

Já a assessoria de imprensa do sindicato disse que o órgão entrou também com uma liminar no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) na tarde dessa sexta-feira, na qual pede a suspensão da demissão dos 900 colaboradores da Bosch. A assessoria afirmou ainda que haverá uma assembleia na porta da empresa, na Cidade Industrial, no dia 29 de junho, com todos os trabalhadores – inclusive os demitidos – para que seja decidido o que será feito em relação à mobilização por conta das demissões.

Governo do Paraná quer intermediar solução

O governo do estado também pretende atuar nas negociações entre a empresa e os trabalhadores, segundo informações da Agência Estadual de Notícias (AEN), órgão oficial de comunicação do governo. Dessa forma, o secretário do Trabalho, Emprego e Promoção Social do Paraná, Nelson Garcia, pediu informações sobre os incentivos fiscais que a Bosch recebe do governo estadual, pois há possibilidade de a empresa perder os benefícios.

A Lei 15.426/2007 determina as empresas garantam os empregos de seus colaboradores, para que possam receber empréstimos públicos. Garcia disse também que pedirá à Assembleia Legislativa que debata o caso na segunda-feira (22). Ele espera contar com o apoio dos deputados estaduais para evitar prejuízos aos trabalhadores.

A assessoria de comunicação da Bosch destacou apenas que permanece aberta ao diálogo e que todas as ações da empresa foram tomadas dentro da legalidade.

Demissões

A Bosch divulgou um comunicado oficial na tarde da quinta-feira (18) afirmando que a crise econômica foi o motivo das demissões. Pois houve queda de cerca de 60% nas exportações para os Estados Unidos, Europa e Ásia, e isso ocasionou diminuição nos pedidos da fábrica e redução na produção.

A empresa destacou ainda que tentou um acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos da região de Curitiba (SMC), para que houvesse redução de salários e de carga horária, mas a proposta não foi aceita.

Já o presidente do SMC, Sérgio Butka, disse que as demissões foram arbitrárias e que o sindicato foi surpreendido com a notícia.

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