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Veja tabela com a evolução das negociações |
Veja tabela com a evolução das negociações| Foto:

A recuperação da economia e o afastamento do fantasma do desemprego trouxeram de volta as greves de trabalhadores. Se no primeiro semestre o medo de perder o emprego deu um tom moderado às conversas entre patrões e empregados, agora a melhora do cenário ampliou o volume de exigências nas mesas de negociação. Abonos, participação nos lucros e ganhos reais acima de 2% estão pautando as reivindicações do segundo semestre, que concentra grandes setores como metalúrgicos, bancários, petroleiros e químicos.

A evolução dos reajustes salariais se explica em grande parte pe­­la variação do Produto Interno Bru­to (PIB) nacional. A partir de 2004, quando o crescimento econômico en­­grenou, o volume de negociações com ganhos reais explodiu. Apesar da desaceleração econômica sofrida em 2009, a perspectiva po­­sitiva do PIB em 2010 – já estimada em pelo menos 4,5%– está sendo invocada nas rodadas de negociação para justificar aumentos.

"Quando se olha para os anos 90, havia medo nos acordos, porque não havia continuidade do cres­­cimento. Mas nas negociações atuais essa situação não ocorreu, entramos e saímos da crise mantendo bons acordos porque a economia não foi afetada profundamente. Estamos vivendo um momento interessante, no qual a luta sindical ganha importância no ciclo virtuoso da economia", avalia o professor Anselmo Santos, pesquisador do Centro de Estudos Sindicais de Eco­nomia do Trabalho da Unicamp.

"Antes, falar em aumento real nos salários era uma utopia para o trabalhador e uma heresia para o empresário. Hoje, com o acúmulo dos ganhos, essa realidade já mudou. O crescimento da economia entre 2004 e 2008, interrompido momentaneamente pela crise, fez com que muitos empresários percebessem que o aumento real na renda se reverteu em consumo", diz o economista do De­­par­tamento Intersindical de Estatís­ticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Cid Cordeiro.

A obtenção de reajustes acima da inflação deve seguir por tempo indefinido, de acordo com Cordeiro. Ele cita que os acordos conquistados recentemente pelos metalúrgicos – que alcançaram até 5% de ganhos reais – quebraram paradigmas de negociação. "As empresas no segundo semestre vieram com propostas que não contemplavam aumento real, e os trabalhadores reagiram a isso. Esse ganho real é importante não só para eles porque se tornará parâmetro para as próximas categorias em data base", diz.

Mínimo

Entre os fatores que contribuíram para o atual cenário positivo ao trabalhador também são elencados o aumento real constante do salário mínimo, iniciado na gestão FHC, que pressiona os pisos salariais das classes profissionais, além das perdas salariais acumuladas nos últimos anos.

"Hoje a maioria dos setores tem condições de atender a essas demandas mais agressivas", diz Santos, destacando companhias ligadas à cadeia de petróleo, telecomunicações, sistema financeiro, bens de consumo duráveis e linha branca. Na visão do economista, mesmo multinacionais que têm de enviar recursos para a matriz são forçadas pela concorrência no mercado interno a dar reajustes.

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