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Emprego

Sindicatos marcam protestos perto da Copa para pressionar negociações

Prevendo acordos difíceis por causa da inflação, Força Sindical anunciou ato para junho, mas apoio de outras centrais esbarra em rusgas políticas

Paralisação de professores da rede estadual do Paraná começou na última quarta-feira | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Paralisação de professores da rede estadual do Paraná começou na última quarta-feira (Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo)
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Ano eleitoral torna raros atos conjuntos de centrais sindicais, como a Marcha do Trabalhador, em São Paulo |

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Ano eleitoral torna raros atos conjuntos de centrais sindicais, como a Marcha do Trabalhador, em São Paulo

Além das eleições, a Copa do Mundo deve criar o cenário necessário para que movimentos sindicais busquem visibilidade em 2014. A Força Sindical anunciou para 6 de junho uma série de manifestações e greves pelo país que, no Paraná, deve ter cronograma definido ao longo da próxima semana, segundo a diretoria regional. No atual discurso da central, que representa 1,7 mil sindicatos, a ideia não é fazer oposição à Copa, mas aproveitar que o evento está no centro das atenções para pressionar governo e empresários.

INFOGRÁFICO: Veja o percentual de reajustes salariais

O fator que levou a Força Sindical a explorar a Copa é a inflação ainda alta, que está sendo o grande empecilho de pedidos de ganho salarial neste ano. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 86,9% das classes tiveram reajuste acima do índice de preços em 2013, percentual que mostra recuo em relação a 2012 (95,1%) e representa o patamar mais baixo desde 2009. O departamento avalia que o resultado ainda é bom, mas o desempenho só se repetirá em 2014 se a inflação for controlada e o desemprego permanecer baixo.

Na semana passada, economistas consultados pelo Banco Central previram, pela primeira vez, que a inflação deve fechar acima da meta de 6,5% neste ano. "Com a inflação, vislumbramos certa dificuldade nas negociações coletivas", explica João Carlos Gonçalves, secretário-geral da Força. Ele reconhece que o evento traz pressão, mas pondera que a "central não está nessa de anti-Copa porque ela traz investimentos e valorizou emprego e salário".

Ao mesmo tempo, outro estudo do Dieese mostra que paralisações de setores ligados a Copa impactam nas negociações coletivas. De 2011 a 2013, greves nas obras de estádios garantiram aumentos reais bem acima da média das outras classes. Construção civil, obras de infraestrutura e mobiliário também obtiveram desempenhos superiores.

Segundo o Dieese, anos de eleição presidencial e nos estados favorecem mobilização de trabalhadores, em especial de servidores públicos. A soma de pré-eleições e greves tem se refletido nos salários. Em 2010, 88,8% dos sindicatos conseguiram aumento real. Em 4% dos casos, a média de reajuste foi de mais de 5% em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) – porcentual superior aos registrados em 2009 (1,3%) e em 2011 (1,5%).

Divisão

O embate político também é responsável por dividir as centrais. Aliada do governo petista, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) não comenta e nem deve apoiar a manifestação agendada para junho pela Força Sindical, assim como a Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Por sua vez, a Força nega motivação política, apesar dos rumores de aproximação com o PSDB. "Ao contrário das outras centrais, não temos candidato à presidência", defende Nelson Silva, presidente da regional paranaense.

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