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Um sistema alternativo de geração de energia, até então inédito no Brasil, está funcionando com sucesso em Curitiba. O aquecimento da piscina olímpica do Centro Universitário Positivo (Unicenp) está sendo feito, desde junho do ano passado, por duas bombas que retiram de um lago, nas dependências da própria universidade, o calor necessário para mantê-la em cerca de 28ºC. Em seis meses de operações, o pró-reitor administrativo Arno Antônio Gnoatto diz que o Unicenp reduziu em 80% os custos para manter a piscina aquecida, sem perder eficiência. Tanto que a universidade já tem planos para adotar o sistema em outra piscina menor e nos chuveiros dos vestiários.

Segundo o engenheiro Ricardo Doetzer, dentro do sistema circula um gás para refrigeração, responsável pelas trocas de calor. "Esse gás é resfriado por um compressor elétrico. Bombeamos a água do lago, mais quente, até a máquina, onde ela entra em contato com ele e eleva sua temperatura", explica. "Na outra ponta, o gás (agora aquecido) troca calor com a água da piscina pelo contato de ambos com trocadores de calor (placas muito finas em forma de colméia."

Doetzer é um dos sócios da empresa curitibana Thermacqua, representante da alemã Alpha InnoTc, fabricante das bombas. O processo, segundo o engenheiro, não polui o meio ambiente, ao contrário do que acontece com a queima de gás, por exemplo, e pode gerar uma significativa economia. Segundo cálculos do administrador da Thermacqua, Marcos Marques, a redução dos gastos, se comparado à utilização do gás natural, pode chegar a 90%. "Com uma redução destas, você paga o investimento em cerca de um ano e meio." Marques diz que a economia varia conforme os detalhes de cada projeto mas, pelos estudos da empresa, na pior hipótese chega a 60%. "As máquinas são totalmente automatizadas e podem ser programadas para não funcionar em horários em que a energia elétrica tem maior preço."

O principal concorrente das bombas é o aquecimento solar, que também produz energia limpa. Os custos para implantação do sistema, segundo Marques, são semelhantes. "Mas ele só funciona em um dia de sol, o que pode ser um problema para cidades como Curitiba."

Apesar de o sistema ser praticamente desconhecido no Brasil, o engenheiro Hans Schorer, sócio gerente da empresa, diz que essa tecnologia está consolidada na Europa há mais de 50 anos, inclusive em países cuja temperatura média é bem inferior à brasileira. "Mais de 60% das novas casas na Suíça, por exemplo, têm suas demandas de calor cobertas por esse sistema. Elas retiram o calor de tubulações instaladas embaixo da terra."

O engenheiro aposta que essa pode ser uma importante alternativa para o Brasil, principalmente frente às incertezas com relação ao gás natural que precisa ser importado da Bolívia. "Precisamos nos preocupar cada vez mais com a busca de fontes renováveis de energia."

Schorer espera que o sucesso do sistema instalado no Unicenp, primeiro projeto já consolidado da empresa, desperte o interesse de novos clientes – grandes usuários de água, como indústrias, hotéis ou quartéis, por exemplo. "Já estamos estudando um projeto para uma grande indústria para aproveitar o calor da água que resfria as máquinas para aquecer a água utilizada nos chuveiros."

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