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Lula sugere que Brasil socorra país

Coimbra, Portugal - O ex-presidente Lula disse que o governo português deveria aproveitar a visita da presidente Dilma Rousseff, que começa hoje, para pedir ajuda contra a crise econômica por que passa o país. Questionado se o Brasil pretende comprar títulos da dívida portuguesa, Lula respondeu: "Tudo o que pudermos fazer para ajudar, vamos fazer. Portugal merece a compreensão do Brasil". Lula receberá o título de doutor honoris causa da Universidade de Coimbra. Dilma irá acompanhar Lula na cerimônia. Depois, terá encontros com José Sócrates, primeiro-ministro demissionário, e com o presidente português, Aníbal Cavaco Silva. Segundo a presidente, o principal motivo da viagem é homenagear Lula. Não são esperados acordos comerciais.

Folhapress

São Paulo - A situação financeira de Portugal continua se deteriorando, com aumento das taxas de juros dos títulos da dívida e ameaça de uma agência de classificação de risco de rebaixar mais uma vez a nota do país.

Os juros pagos pelos títulos da dívida portuguesa com vencimento em 10 anos bateram novo recorde ontem, a 7,9%. Esse nível é considerado insustentável para o financiamento público do país. Outra indicação de que o país mergulha mais profundamente na crise foi a decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor's de rebaixar a nota de risco de crédito dos cinco maiores bancos portugueses: a Caixa Geral de Depósitos, um banco público, e as instituições privadas Banco Santander Totta, Banco Espírito Santo, Banco Português do Investimento e Banco Comercial Português.

A agência também emitiu um alerta de que pode reduzir a nota de risco de crédito do país ao longo desta semana, devido a incertezas políticas em função da renúncia do primeiro-ministro José Só­­crates, na semana passada. As eleições no país devem ser marcadas para os próximos dois meses.

Analistas de mercado acreditam que Portugal não terá outra opção a não ser pedir socorro financeiro aos países vizinhos e ao Fundo Monetário Internacional (FMI), seguindo os passos da Grécia e da Irlanda. Políticos portugueses tentam, no entanto, evitar uma ajuda externa porque ela exigiria do país políticas severas de ajuste econômico durante anos.

Enquanto não aceita socorro internacional, Portugal corre contra o tempo para recuperar a confiança internacional. No mês que vem, o país terá de desembolsar 4,5 bilhões de euros para pagar títulos da dívida que vencem no período. Em junho, o país terá um novo lote de vencimentos elevados, de 4,96 bilhões de euros. O país tem condições de pagar as dívidas de abril, mas ainda não se sabe exatamente de onde virá o dinheiro para os vencimentos de junho.

Punições

O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, pediu ontem que sanções automáticas sejam aplicadas aos países da zona do euro que descumprirem os compromissos do Pacto de Estabilidade. O pacto prevê que os países tomem medidas para se manter dentro de metas macroeconômicas, como não ter deficit público maior que 3% do Produto Interno Bruto (PIB). "As sanções financeiras devem ser aplicadas mais cedo como aviso aos Estados que não se estão ajustando as regras, e não como agora, em que só se impõem medidas quando se produz um descumprimento repetido", afirmou Trichet.

"Reforçar a governança, a vigilância mútua, é um ensinamento da crise", comentou, depois de propor a instituição de um pequeno número de indicadores muito seletivos como sinais de alerta do aumento das diferenças de competitividade dos países do euro. Trichet afirmou que é "indispensável" a reforma dos mecanismos de vigilância macroeconômica. Para isso, os dispositivos de alerta de problemas usados pela Comissão Europeia têm de melhorar.

O presidente do BCE reconheceu que há muito o que avançar para uma padronização das estatísticas e destacou que os países têm de admitir se submeter a auditorias. Ele reiterou sua posição contra a indexação dos salários à inflação, diante do risco de "uma espiral inflacionária e favoreça o desemprego". Quando um país cai nessa espiral, em que os preços sobem de forma duradoura, acaba perdendo competitividade, acrescentou.

Trichet também disse ontem que a inflação na região está de forma "duradoura" acima da meta de estabilidade de preços da instituição. O recado foi entendido pelos analistas de mercado como uma sinalização de que as taxas de juros irão subir para trazer os preços de volta para a meta, de 2% ao ano. A cotação do euro em relação ao dólar subiu em reação às declarações do banqueiro central. O aumento da cotação do euro se explica pelo fato de que, se o BCE aumentar os juros, deve atrair mais investidores para a zona do euro, e a tendência é de valorização da moeda.

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