• Carregando...

A semana que passou serviu para tranqüilizar os investidores da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em relação a diferentes temores de cunho político e econômico, envolvendo preocupações com a "governabilidade" de Lula no segundo mandato e uma possível guinada à esquerda na condução da política econômica. No fim das contas, o Ibovespa (principal índice da bolsa) subiu em três dos quatro pregões da semana, acumulando uma valorização de quase 3% – e, na opinião de analistas de mercado, seguirá tranqüilo nas próximas semanas, andando "de lado" ou avançando gradualmente. O panorama para 2007 também está mais para ganhos do que perdas.

Uma das explicações para isso é que, já na segunda-feira, Lula avisou que o governo não vai abandonar o rigor que garantiu ao país estabilidade econômica – e os ministros Tarso Genro, das Relações Institucionais, e Guido Mantega, da Fazenda, tiveram de controlar seus ímpetos mais "desenvolvimentistas". Além disso, a onda de boatos em torno dos eventuais sucessores de Mantega e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, não chegou a assustar. Mesmo que eles realmente saiam do governo, é quase um consenso que seus substitutos serão de agrado do mercado.

"Se você indica uma pessoa comprometida com teses menos ortodoxas, gera uma grande tensão. E o Lula já aprendeu que com economia não se brinca", diz o economista Roberto Padovani, sócio-diretor da Tendências Consultoria Integrada. José Arantes Savasini, da consultoria Rosenberg & Associados, também duvida que o presidente será ousado a ponto de estressar o mercado. "Todos esses palpites sobre novos ministros são pura especulação. O Lula só vai fazer seu anúncio às vésperas do Natal e, aí sim, o investidor deve decidir o que fazer", recomenda.

Em relação às rusgas com a oposição, a impressão é de que as investigações de casos de corrupção não chegarão ao extremo de um impeachment – o que seria péssimo para a bolsa. "A evolução de escândalos como o do dossiê depende do ambiente político, que agora permite que isso seja deixado de lado. Mas não é improvável que apareçam novos escândalos, e aí sim existe um risco", adverte Padovani.

Para 2007, a expectativa é que o Ibovespa siga em alta. Odair Abate, superintendente e estrategista de investimentos do banco Santander Banespa, espera que a continuidade da queda do juro básico estimule uma migração de investidores da renda fixa (cada vez menos rentável) para o mercado acionário – que tende a ser beneficiado pelo esperado bom desempenho da economia brasileira e mundial. Vale destacar o aviso de todos os especialistas: muito mais do que a política nacional, o que vai ditar o ritmo da Bovespa é o humor do investidor estrangeiro – que tem favorecido a bolsa brasileira.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]