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Máquinas de ponto eletrônico custam a partir de R$ 1,2 mil | Carlos Rhienck/Jornal Hoje em Dia
Máquinas de ponto eletrônico custam a partir de R$ 1,2 mil| Foto: Carlos Rhienck/Jornal Hoje em Dia

Empresários continuam criticando mudanças

O ponto eletrônico ainda é alvo de muitas críticas. "Mais burocracia, custos e mais transtornos para todos. Em nenhum país existe tal obrigatoriedade", diz Adauto Duarte, diretor-adjunto da área sindical da Fiesp. Para Oswaldo Oliveira Filho, diretor da área de confecção da Rosset e da Abit, entidade que representa 30 mil indústrias têxteis e de confecção do país, as empresas perdem produtividade. "Na confecção, a produção é cronometrada. Imagine perder tempo para que cada empregado imprima seu comprovante", afirma. No setor, 95% da mão de obra é feminina e a medida pode ter impacto social, segundo Oliveira. "A funcionária não vai mais poder levar seu filho na creche e entrar fora do horário de turno?", questiona.

No comércio, os empresários estão preocupados. A Casas Bahia, que com o Ponto Frio emprega 67 mil pessoas, terá de imprimir 268 mil comprovantes por dia – considerando entrada, intervalo (almoço e retorno) e saída do trabalho. Fernando Henrique Berg de Abreu, sócio da FHB, distribuidora de material elétrico, adotou e aprovou o novo sistema, mas acredita que o governo poderia subsidiar a compra do equipamento. Há 29 fabricantes e 250 fornecedores de softwares certificados para o aparelho, que pode ser adquirido a partir de R$ 1,2 mil, segundo o Ministério do Trabalho.

Para o setor financeiro, um dos maiores entraves é que as empresas usam sistemas integrados de marcação de ponto com folha de pagamento e setor de recursos humanos. "Foram gastos milhões com softwares desenvolvidos para cada empresa. E agora? Devem desembolsar mais milhões para readaptar seus sistemas ou jogam tudo no lixo porque o novo aparelho não permite acesso externo, apenas da fiscalização?", diz Magnus Apostolico, superintendente de relações trabalhistas da Febraban, a federação dos bancos.

Após cinco adiamentos, deve entrar em vigor em 2 de abril o novo sistema de registro de ponto eletrônico. Ao menos 400 mil empresas do país, de vários setores, terão de implementar novos equipamentos que permitem a impressão de comprovantes de entrada, saída e intervalos no trabalho, mas o Ministério do Trabalho informa que apenas 100 mil empresas, ou 25% do total, já compraram o novo equipa­men­to e se cadastraram em seu site.

São obrigadas a instalar o aparelho todas as empresas que já usam o ponto eletrônico e têm mais de dez empregados, como prevê a Portaria 1.510 do Ministério do Trabalho, editada em agosto de 2009. Empresas com controle manual (escrito) ou mecânico (cartão) não precisam mudar seus sistemas. Segundo o ministério, as em­­presas tiveram prazo para se adaptar desde 2009. Por isso, espera que não ocorram novos adiamentos.

A justificativa do governo federal para a adoção do novo sistema é evitar fraudes na marcação da jornada, dando segurança a trabalhadores e empregadores ao implementar meios mais eficazes e confiáveis de controle, e inibir a prática de excesso de jornada, que provoca diretamente o acréscimo de acidentes e moléstias do trabalho. Os horários das marcações ficarão registrados no sistema sem que possam ser excluídos.

No entanto, uma pesquisa nos dois dos maiores tribunais do Trabalho do país – São Paulo e Rio Grande do Sul – por dez anos mos­­trou que o porcentual de processos trabalhistas com fraudes na marcação é mínimo: está abaixo de 1%. Os dados serão publicados em breve pelos coordenadores do estudo, os professores Hélio Zylberstajn, da USP, e Luciana Yeung, do Insper.

Segundo o Ministério do Tra­balho, no ano passado 3.045 fiscais aplicaram 17.657 autos de infração em relação ao tema jornada de trabalho, mas nenhum foi lavrado por causa de fraudes em relógios de ponto, segundo o ministério. Para Renato SantAnna, presidente da Anamatra (associação dos juízes trabalhistas), o sistema poderá diminuir ações trabalhistas.

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