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Funcionário retira amostra de óleo do pré-sal: peso dos investimentos em exploração cresceu no novo plano | Sergio Moraes/Reuters
Funcionário retira amostra de óleo do pré-sal: peso dos investimentos em exploração cresceu no novo plano| Foto: Sergio Moraes/Reuters

Governo tem dificuldade para ajustar oferta de álcool

O governo está enfrentando dificuldades para criar uma fórmula fechada que faça com que produtores e distribuidores mantenham o abastecimento constante de etanol no período de entressafra da cana-de-açúcar. Para março, quando a situação geralmente se agrava por ser o fim do período de entressafra do produto, o governo pretende estipular que o agricultor apresente a cada ano, no primeiro dia desse mês, um estoque de anidro que corresponda a pelo menos 8% da sua produção dos últimos 11 meses.

Essa possibilidade constava de um esboço do marco regulatório do setor de etanol que esteve em consulta pública na ANP por 20 dias, que foi seguida por uma audiência pública. Mais de 100 propostas foram enviadas à autarquia e agora os técnicos de várias áreas do governo tentam amarrar as sugestões.

"Não adianta resolver o problema de março se não temos a segurança de abastecimento em dezembro e, principalmente, em janeiro e fevereiro. Temos a garantia dos 8%, mas o problema agora é resolver o primeiro bimestre", disse uma fonte do governo que participou na quinta-feira de uma reunião para discutir o assunto. Estiveram no encontro técnicos dos ministérios de Minas e Energia e da Agricultura, além da ANP.

Custos

O setor privado torce o nariz para a ideia de ter de arcar com os custos de armazenamento de etanol. Para o governo, no entanto, ainda que não se tenha uma solução fechada para o problema, é essa a saída que foi encontrada. "Nin­guém quer ficar com estoques nas mãos, mas esta será uma tarefa a ser desempenhada por todos", afirmou outro participante da reunião.

Mais dois anos

O que ficou claro no encontro é que o consumidor sentirá na pele a falta de fartura de álcool para poder escolher entre etanol ou gasolina na hora de abastecer. "Teremos de conviver com esse problema de menor oferta de etanol pelo menos nos próximos dois anos", disse um terceiro participante, que leva em consideração uma conta que não fecha: maior venda de carros flex num momento em que a oferta de etanol está contida. O governo ofereceu neste ano linhas de financiamento para renovar canaviais. Resta saber se os produtores terão interesse.

Os técnicos que participaram da reunião garantem que não discutiram temas como a eventual redução da mistura do álcool anidro na gasolina. "Se o governo tivesse uma solução para a elevação dos preços, já a teria adotado", disse uma fonte. "Se o governo avaliasse que a solução para o problema tinha necessidade de ser para ontem, já a teria tomado", observou outra fonte. (AE)

Em plena safra de cana, etanol segue em alta

Os preços do etanol hidratado praticados nos postos brasileiros recuaram em dez estados e subiram em 16 estados e no Distrito Federal, de acordo com dados coletados pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na semana terminada ontem. No período de um mês, os preços do etanol recuam em cinco estados e subiram nos restantes.

Em São Paulo, maior estado consumidor, as cotações recuaram 0,60% na semana. No período de um mês, no entanto, as cotações do etanol registram alta de 3,97% nos postos paulistas. No Paraná, o preço médio ficou em R$ 1,857, com leve alta sobre a cotação média da semana anterior (R$ 1,848).

Desvantagem

A menor oferta de cana-de-açúcar, que joga os preços do etanol para cima, também faz com que o combustível perca competitividade em relação à gasolina na maioria dos estados. Os preços do álcool seguem competitivos em relação a gasolina apenas nos postos de combustíveis de São Paulo, Goiás e Mato Grosso, de acordo com a ANP.

A vantagem do etanol é calculada considerando que o poder calorífico do motor a álcool é de 70% do poder nos motores à gasolina. Quando a relação aponta um valor entre 70,0% e 70,5%, é considerada indiferente a utilização de etanol ou de gasolina no tanque de combustível.

Segundo o levantamento, em São Paulo, o preço do etanol está em 67,43% do preço da gasolina. Em Goiás, a relação é de 65,14% e, em Mato Grosso, de 61,59%.

Usinas

O etanol hidratado (usado nos carros flex) subiu 0,36% nas usinas paulistas nesta semana e o anidro avançou 0,47% no período, de acordo com os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq). O anidro, misturado em 25% à gasolina, variou de R$ 1,2896 para R$ 1,2957 o litro, em média, ante a semana passada. O litro do hidratado, por sua vez, saiu de R$ 1,1331, para R$ 1,1372, em média, entre os períodos. Os preços não incluem impostos. (AE)

Previsto para o primeiro trimestre e depois de três adiamentos, o novo plano de negócios da Petrobras (2011-2015) foi aprovado ontem por seu Conselho de Administração e estabelece investimentos de US$ 224,7 bilhões (cerca de R$ 348 bilhões). Trata-se de aumento de apenas 0,3% em relação ao programa atual – US$ 224 bilhões de 2010 até 2014 – e marca o fim de um período de aceleração de investimentos da estatal que vigorou desde a abertura do mercado de petróleo, no fim dos anos 1990.

A demora em aprovar o plano decorreu da discordância entre o governo e a direção da estatal, que pretendia ampliar investimentos e turbinar a exploração do pré-sal. Da disputa saiu vitorioso o "porta-voz" do Executivo nas negociações, o ministro da Fazenda, Guido Mantega – que também é presidente do conselho da estatal.

A ordem do governo era colocar o pé no freio por três motivos: 1) não estimular muito a já aquecida economia com a enorme demanda gerada pelas encomendas da Petrobras; 2) ajudar no superavit primário (e no ajuste fiscal); e 3) a preocupação com o impacto de eventuais reajustes da gasolina e do diesel sobre a inflação.

Reajuste abortado

Usado como premissa nas primeiras versões do plano para projetar um faturamento crescente da estatal, o aumento do diesel e da gasolina representou o principal ponto de atrito e foi abortado por conta da preocupação do governo com a inflação. Os dois combustíveis respondem por 60% da receita da Petrobras.

"Para ampliar investimentos, a Petrobras precisa aumentar a re­­ceita e depende de elevar o preço dos combustíveis para isso. Como o governo não autorizou o reajuste, ela não pode apresentar um pla­no de negócios maior. Isso é claramente resultado da ingerência do governo", diz Rafael Schechtman, diretor da consultoria CBIE.

Nas duas versões do plano rejeitadas, havia a previsão de alta dos combustíveis. Inicialmente, a estatal queria investir cerca de US$ 250 bilhões até 2015. Mas teve de cortar projetos para atender à pressão do governo. No novo plano, a estatal ampliou o peso dos investimentos em exploração e produção de petróleo, de 53% para 57% do total, e diminuiu o ritmo de projetos de novas refinarias no Nordeste, que serão analisados "a partir de metas de redução de custos", segundo a estatal.

Também houve aumento na previsão para o pré-sal – de US$ 33 bilhões no plano anterior para US$ 53 bilhões –, que responderá por 40% da produção de óleo em 2020. Ela foi estimada 4,9 milhões de barris, ante 2,1 milhões de 2011.

Para Osmar Camilo, analista da corretora Socopa, a "interferência política" nas discussões sobre o plano já está no "preço das ações", que tiveram fraco desempenho nos últimos meses. Ele crê num potencial de recuperação do valor de mercado.

Nova conselheira

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, é a nova integrante no Conselho de Adminis­tração da Petrobras. Ela ocupará provisoriamente o lugar do ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci. Sua indicação foi confirmada ontem, por Guido Mantega.

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