Enquanto os postos de combustíveis de Foz do Iguaçu amargam a queda no número de clientes, a cidade vizinha de Puerto Iguazú fervilha com o novo movimento. Grandes filas se formam já na aduana entre Brasil e Argentina. O motorista também tem de esperar para abastecer. Conforme o frentista argentino Hecto Martinez, no local onde ele trabalha são atendidos em média 1,5 mil veículos ao dia, sendo que 1 mil somente de brasileiros. "Menos da metade são argentinos", calcula. Pelo menos para ele o aumento inesperado de clientes foi bem-vindo. Após um ano de desemprego, Martinez finalmente conseguiu a vaga de frentista há um mês.
O guia de turismo João Luiz Correa diz que compensa atravessar a fronteira para encher o tanque. "Eu gostaria muito de abastecer no meu país, mas a diferença de preços torna isso impossível", afirma. "Fico revoltado em pensar que o brasileiro paga quase o dobro de impostos." O comerciante Alexandre Freira também não pensa em deixar de fazer o trajeto até Puerto Iguazu tão cedo. "Faz seis meses que abasteço aqui na Argentina. A diferença é absurda", justifica Freira, cujo veículo tem capacidade para 70 litros.
Para tentar reverter esse quadro, o Sindicombustíveis propõe a utilização da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para subsidiar a gasolina do lado brasileiro. Walter Venson, diretor do sindicato, argumenta que a contribuição nasceu para levantar recursos destinados à subsidiar preços quando necessário. "Esse é justamente o caso, pois está causando um enorme desequilíbrio na fronteira, não somente de Foz do Iguaçu, mas também em Uruguaiana, Dionísio Cerqueira e até na divisa com a Venezuela", observou. (MCP)
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