• Carregando...

A agência de classificação de risco Standard and Poor's (S&P) rebaixou nesta segunda-feira (23) de "estável" à "negativa" as perspectivas econômicas e financeiras da Argentina, depois da expropriação de 51% das ações da YPF, o que põe em risco a atual nota "B" da dívida soberana do país.

"Em nossa opinião, as recentes políticas do governo aumentam os riscos no setor macroeconômico da Argentina, comprimem sua liquidez externa e estorvam as expectativas de crescimento a médio prazo", anunciou a S&P ao justificar a decisão, em comunicado.

Por esses motivos, a agência "revisou a perspectiva da nota da República Argentina de estável à negativa", diz o texto. A Standard & Poor's refere-se a "políticas adotadas desde as eleições presidenciais de outubro de 2011", que permitiram à reeleição no primeiro turno de Cristina Kirchner.

Estas, "incluem as crescentes restrições ao comércio internacional e os passos recentes para nacionalizar a empresa Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF)", explicou o analista da S&P, Roberto Sifón-Arévalo.

O governo de Cristina Kirchner anunciou no dia 16 de abril a expropriação de 51% das ações da YPF, todas elas provenientes do pacote do grupo espanhol Repsol, ao alegar falta de investimentos necessários no país. A decisão deixou tensas as relações com a Espanha, que anunciou, por sua vez, uma redução da compra do diesel argentino.

A Repsol e o governo espanhol intensificaram nesta segunda-feira a pressão sobre a Argentina anunciando ações legais contra toda a empresa que investir na YPF e propondo à União Europeia dar proseguimento às negociações comerciais com o Mercosul, excluindo Buenos Aires.

"A situação negativa indica a possibilidade de 33% de corte (da nota soberana) este ano ou no ano que vem", explicou a agência de classificação, afirmando que "novas ações tomadas para restaurar a confiança do investidor na economia, a médio prazo" levariam a devolver à Argentina uma perspectiva estável do crédito.

A Argentina não tem o caráter de investidor para as agências internacionais de rating desde o default (calote) de mais de US$ 90 bilhões declarados no final de 2001.

Desde então, a Argentina saiu quase totalmente da situação de dívida pendente com os investidores estrangeiros, mas ainda tem em mora US$ 6,1 bilhões.

Um grupo de 'holdouts' (os credores que não aceitaram uma troca da dívida em 2005 nem em 2010), recorreu à justiça americana para cobrar esse dinheiro e conseguiu sentenças favoráveis em primeira instância que, no entanto, foram bloqueadas na apelação.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]