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São Paulo - Os subsídios concedidos ao setor de etanol nos Estados Unidos devem cair até o fim do ano, na avaliação de Marcos Jank, presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica). "Acha­mos que as restrições vão cair, senão agora, na primeira semana de agosto, cairão no fim do ano", afirmou ontem, depois de participar de evento na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista.

No dia 7 de julho, senadores dos Estados Unidos chegaram a um acordo para acabar, até o fim deste mês, com os dois subsídios concedidos à indústria de etanol no país. Sob o acordo, o crédito tributário de US$ 0,45 por galão de etanol misturado à gasolina expiraria e não seria renovado após 31 de julho. A tarifa de US$ 0,54 por galão de etanol importado também não seria renovada. O fim dos subsídios ainda precisa ser votado pelo Senado americano.

Sem oferta

Jank reconheceu que o Brasil, segundo maior produtor mundial de etanol, não tem capacidade neste momento para abastecer os EUA, caso as restrições sejam extintas, e não quis estimar um prazo para que isso aconteça. Ele ponderou, contudo, que a abertura do país contribuiria para criar um mercado internacional do biocombustível ao incentivar a produção e a exportação em outros países. "O etanol ainda é um produto essencialmente doméstico."

O presidente da Unica ainda citou câmbio e logística como outros pontos que deixariam o etanol brasileiro longe do mercado norte-americano. "Mesmo com as tarifas desaparecendo, o álcool vai continuar não competitivo, porque o real está altamente valorizado. O câmbio não atrapalha o açúcar, mas claramente atrapalha o etanol."

Jank preferiu não estimar quanto etanol o Brasil poderia eventualmente exportar para os EUA, mas lembrou que o álcool de cana brasileiro é classificado na categoria "combustíveis avançados não celulósicos". A lei norte-americana que rege a questão prevê que 15 bilhões de litros desse tipo de biocombustível – que os EUA ainda não produzem – sejam utilizados até 2022. "O único combustível comercial que existe hoje nessa categoria é o etanol de cana e alguns tipos de biodiesel", afirmou o executivo. Por isso, caso o Brasil exporte etanol para os EUA em algum momento, haveria um prêmio embutido no preço. "Este pode ser, no futuro, um dos fatores que vão induzir um novo ciclo de crescimento que a indústria precisa viver. A indústria precisa voltar a crescer", disse. Segundo Jank, não há novos investimentos previstos no setor neste ano. Há apenas um projeto de greenfield (usina nova) em curso.

Hoje não há outro produto concorrente do etanol de cana que entre na categoria de biocombustível avançado. Há alguns países que produzem álcool de milho, beterraba e trigo, mas estes são considerados convencionais porque reduzem em menos de 50% as emissões de poluentes.

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