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Quadro fiscal

Para economistas, governo não cumprirá meta de 1,9% do PIB

Apesar dos números que corroboram a visão pessimistas de analistas em relação as contas públicas, o mercado não reagiu. Os economistas, no entanto, teceram críticas ao quadro fiscal. "O sinal vermelho trazido pelos dados do Tesouro e do Banco Central [na quarta-feira] deveria ser suficiente para que o governo pisasse no freio da expansão fiscal. Entretanto, não é o que acontece", observou Felipe Salto, economista da Tendências Consultoria.

Para Calos Kawall, economista-chefe do banco J.Safra, não será possível cumprir a meta de superávit primário 2014, que deve ficar em 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB). O objetivo do governo é alcançar uma meta de 1,9% do PIB.

Kawall ponderou, ainda, que a desaceleração do ritmo da demanda agregada influenciou as contas públicas no primeiro semestre. No caso do governo central, as receitas totais subiram 1,1% ante o mesmo período do ano passado, em termos reais, enquanto as despesas avançaram mais rápido: aumentaram 4,3% na mesma base de comparação.

A economia feita por todo o setor público no primeiro semestre deste ano para pagar os juros da dívida pública registrou o pior desempenho da série histórica iniciada em 2002, informou ontem o Banco Central. O chamado superávit primário do setor público consolidado ficou 43,67% abaixo do registrado nos primeiros seis meses de 2013.

O esforço fiscal conjunto de governo federal, Banco Central, INSS, Estados, municípios e empresas estatais somou R$ 29,38 bilhões neste período, ou 1,17% do PIB – no mesmo período de 2013, o superávit havia somado R$ 52,1 bilhões, ou 2,23% do PIB.

Em junho, o setor público consolidado apresentou déficit primário de R$ 2,1 bilhões, também o pior resultado para o mês. Até então, não havia sido registrado resultado negativo nos meses de junho – em maio, a conta havia sido negativa em R$ 11,046 bilhões.

Mesmo com o mau desempenho, o Banco Central manteve o discurso de que a política fiscal segue para o campo da neutralidade. Questionado se os números ruins mudavam a visão da instituição do impacto fiscal na política monetária, o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, afirmou que "o relevante é o impulso fiscal e nesse sentido o BC vem mencionando que caminha para a neutralidade."

Maciel admitiu, porém, que após os déficits primários de maio e junho será necessário um esforço maior do governo para atingir a meta de 1,9% do PIB até o fim do ano. Mas tentou adotar um tom mais tranquilizador ao garantir que o impulso fiscal "converge" para um ritmo que vai colaborar com o combate à inflação. "Esses resultados refletem evolução de receitas e despesas. A desaceleração de receitas reflete impacto das desonerações", disse.

"A estimativa da Receita Federal é de que as desonerações tenham impacto de R$ 50 bilhões. Parte do resultado também reflete moderação da atividade", completou Maciel.

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