Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Preços

Produção recorde no campo ajuda a frear inflação dos alimentos

supersafra
Produção de soja na atual safra deve ser de 155,7 milhões de toneladas, 24% mais que na anterior. (Foto: Jonathan Campos/Arquivo/Gazeta do Povo)

Ouça este conteúdo

Além de impulsionar o crescimento da economia no começo do ano, o aumento da produção no campo também está colaborando para a queda da inflação.

A combinação de supersafra de grãos – de quase 316 milhões de toneladas, segundo estima a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) – com crescimento no número de abates deve dar um refresco ao consumidor nas compras de supermercado.

Na avaliação do banco Santander, esses fatores devem contribuir para uma forte desaceleração na inflação de alimentos, que foi de 13,2% em 2022. A expectativa do banco é de uma alta de apenas 1,7% para este ano, com uma grande possibilidade de ser próxima a zero.

Quem também reduziu as expectativas para a inflação da alimentação foi a XP Investimentos. Na última revisão, a corretora baixou sua projeção de 3,5% para 2,2%, em linha com a queda acentuada e recente dos preços dos grãos e proteínas.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no período de 12 meses até maio a alimentação no domicílio ficou 4,66% mais cara. Tubérculos, raízes e legumes (-5,1%), carnes (-5,33%) e óleos e gorduras (-17,96%) foram os itens que mais influenciaram na desaceleração em relação aos índices observados no ano passado.

Supersafra impulsiona retração nos preços

O analista de macroeconomia da hEDGEpoint Global Markets, Alef Dias, aponta que a agricultura vem apoiando a atividade econômica, os superávits da balança comercial e o crescimento “não inflacionário”.

“Embora a maioria dos preços das commodities esteja tendo um desempenho negativo no ano, as altas quantidades estão levando a superávits recordes na balança comercial do Brasil", diz. "Beneficiada pela safra de soja e pelas exportações de petróleo e minério de ferro, a balança comercial registrou, em maio, o maior superávit para qualquer mês desde o início da série histórica, em 1989”.

Segundo ele, um fator positivo fundamental na economia brasileira é o comportamento da inflação, que está esfriando mais rapidamente do que na maioria das economias centrais, como os Estados Unidos, por exemplo.

O IPCA acumulado em 12 meses caiu de 11,73% em maio de 2022 para 3,94% no mês passado, segundo o IBGE. Nos EUA, o CPI baixou de 8,6% para 4% no mesmo intervalo, segundo o Bureau of Labor Statistics.

“A agricultura não só ajuda a evitar uma desaceleração econômica maior devido às altas taxas de juros, mas também ajuda a reduzir a inflação de alimentos, já que uma produção maior na agricultura significa preços mais baixos de alimentos no mercado”, afirma Dias.

Carne bovina tem tendência de queda nos próximos meses

Um estudo do Santander aponta que a tendência é de queda no preço da carne bovina nos próximos meses. O potencial de baixa, até o fim do ano, é de 4%, motivado pelo aumento no número de abates. Nos últimos 12 meses, os preços das carnes acumulam redução de 5,33%, de acordo com o IBGE.

“No ciclo da carne bovina brasileira, um maior número de vacas está sendo abatido. Isto significa que mais carne está sendo ofertada no mercado, contribuindo para uma queda nos preços”, dizem os economistas Felipe Kotinda, Daniel Karp e Gabriel Couto.

No primeiro trimestre, segundo o instituto, o total de gado abatido foi de 7,34 milhões de cabeças, 4,8% acima de igual período de 2022. A expansão da oferta de vacas e novilhas foi de 17,9%.

Mas esse cenário está com os meses contados e pode se reverter em preços mais altos adiante. Analistas de agronegócio do Itaú BBA apontam que, até o momento, 2023 se assemelha com 2018, quando os descartes de fêmeas foram elevados pelo segundo ano consecutivo. “Se este padrão se mantiver, podemos ver o [preço do] bezerro começando a se recuperar em 2024, dando início a um novo processo de retenção”.

O preço do frango está praticamente estável em relação a um ano atrás. Dados do IBGE mostram que a peça inteira teve uma alta de 1,26%, enquanto o preço dos pedaços diminuiu 1,69%. O ritmo de abates acelerou no primeiro trimestre. O crescimento em relação ao início de 2022 foi de 4,9%.

“O maior ritmo de produção ocorreu antes mesmo do alívio mais recente dos custos de ração, tendo sido as boas exportações o motor do aumento da produção”, destaca o relatório do Itaú BBA.

Menos pressão inflacionária nos próximos meses

O banco Inter afirma que esse cenário de queda no preço das commodities e menores preços de combustíveis e alimentos indica que haverá menor pressão inflacionária nos próximos meses. A instituição reduziu sua projeção para o IPCA deste ano de 5,6% para 5,1%.

Uma das explicações é a menor pressão vinda do atacado, onde os preços caíram 7,54% em 12 meses, segundo o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M) da FGV.

O Itaú também revisou suas estimativas para o IPCA, de 5,8% para 5,3%. Um dos motivos é a menor inflação para alimentação no domicílio e produtos industriais, com queda de commodities e resolução de gargalos de produção.

A instituição financeira considera que sua expectativa pode cair ainda mais, influenciada por uma queda mais abrupta no preço dos alimentos.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.