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O engenheiro Rodolfo Bueno Rezende, da área de inspeção e auditoria da Itaipu Binacional, já considera perdidas 10 mil milhas que lhe restam do programa de fidelidade Smiles, da Varig. Os pontos acumulados ao longo de uma rotina de viagens de trabalho estão "congelados" por conta da suspensão dos vôos da empresa em Foz do Iguaçu. "Não tenho como acumular mais pontos e, mesmo que tivesse pontos suficientes, seria inviável usá-los. Teria de pagar para ir a São Paulo ou Curitiba para viajar pela empresa", avalia.

A venda da Varig para a VarigLog, em julho, vem garantindo a manutenção da troca de milhas acumuladas por passagens aéreas, mas não a satisfação completa dos clientes do programa Smiles. A redução de rotas domésticas e internacionais limitou as opções de quem acumulou pontos para viagem por meio de cartões de crédito ou viajando pela empresa nos últimos anos. Até mesmo quem garantiu a troca de milhas por bilhetes aéreos antes da venda da companhia, terá de trocar de destino ou pedir o reembolso dos pontos caso tenha marcado viagem para um local onde a companhia não atue mais.

De vôos diários para todas as capitais brasileiras que a Varig operava cinco meses atrás, as ofertas de destinos domésticos somam hoje nove capitais (Brasília, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo). As rotas internacionais, que passavam de 20 países, hoje levam a três: Argentina (Buenos Aires), Venezuela (Caracas) e Alemanha (Frankfurt). De acordo com a assessoria de imprensa da nova Varig, quem trocou milhas por bilhetes com antecedência para destinos que depois foram suspensos ou cancelados deve procurar o balcão de vendas da empresa ou, no caso de bilhete eletrônico, os telefones 4003-7001 ou 4003-7007 (nas regiões metropolitanas, sem o uso de código de área), para trocar de rota ou reaver a pontuação. Não há previsão de reabertura de rotas, segundo a companhia.

Ação coletiva

Para o presidente da Associação Nacional em Defesa dos Direitos dos Passageiros do Transporte Aéreo (Andep), Cláudio Candiota Filho, o cliente deve ter o direito de viajar para qualquer cidade atendida pela Varig antes da venda da empresa. "Não cumprir a distribuição de bilhetes para destinos antigos é uma quebra de contrato. A responsabilidade maior nisso tudo nem é da velha ou da nova Varig, é da União, que faz a concessão do serviço. Para o cliente, pouco interessa de quem é a empresa, ele quer ver o direito dele cumprido", avalia.

Segundo Candiota, dezenas de pessoas procuram a associação diariamente em busca de informações sobre milhagem e bilhetes comprados com bastante antecedência. "Tivemos de desligar o telefone e atender só pela internet, porque não vencíamos atender tantas ligações."

Candiota informa que em todo o país estão sendo organizadas ações coletivas contra a empresa ou o governo federal. "O governo não se importou em deixar todas essas pessoas sem transporte. Entrar com um processo individual pode custar mais caro do que o prejuízo com a passagem aérea, por isso o melhor caminho são as ações em grupo", orienta. De acordo com o presidente da Andep, a utilização das milhas não impede que o cliente acione a Justiça, porque ele continua com o dano moral. "Usar os pontos ainda é a melhor opção, porque uma ação destas demora anos para ser julgada. De qualquer forma, o cliente não deve deixar de exigir a indenização e buscar seus direitos", avalia. Mais informações podem ser obtidas pelo www.andep.com.br.

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