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Lazaridis, co-presidente da RIM, segura o novo aparelho, que ainda não tem data de lançamento nem preço definidos | Robert Galbraith/Reuters
Lazaridis, co-presidente da RIM, segura o novo aparelho, que ainda não tem data de lançamento nem preço definidos| Foto: Robert Galbraith/Reuters

Contexto

Será mesmo?

Mike Lazaridis falou uma coisa, mas seu material de divulgação apontou outra. Pegue, por exemplo, a foto que apresentava a videoconferência do PlayBook. Ela mostra um pai falando com o filho pela câmera frontal do aparelho (câmera respeitável, aliás, com 3 megapixels). Não parece ter muita relação com negócios. Na foto de divulgação que mostrava a galeria de imagens, há um álbum intitulado "Vacation 2010". Já na que demonstra a versão PlayBook do BlackBerry Messenger, um dos contatos pergunta: "Você vai ver Avatar na sexta?"

É, não tem mesmo muita cara de equipamento corporativo. Em de­­fesa da empresa, há um argumento óbvio: as fronteiras entre o uso cor­­­­po­­rativo e o pessoal, mais ligado ao entretenimento, estão cada vez mais indefinidas. Além disso, todo executivo tem suas horas de folga, e o mesmo aparelho precisa atender às expectativas dele nos fins de semana. O próprio BlackBerry é prova disso, já que, mesmo tendo nascido com esse apelo de produtividade, conseguiu cruzar essas fronteiras e cair no gosto popular (nos Estados Unidos, on­­de a barreira de preço não é re­­levante como no Brasil). Não teria sido melhor então promovê-lo como o que realmente é, um tablet bem resolvido nas questões de produtividade e também com potencial para ser divertido?

A RIM já vinha sendo acusada por analistas de estar na cola da Apple em vários momentos e, provavelmente, quis descolar dela na hora de apresentar seu brinquedo novo. E deve estar apostando numa adoção gradativa do público, partindo do corporativo e migrando para o restante. É arriscado: até que o PlayBook ganhe volume de vendas, há sempre o risco de ser tragado pela próxima grande novidade – e ficar para trás, como tem acontecido com o BlackBerry.

  • Conheça as diferenças entres os três principais tablets

A Research In Motion (RIM), em­­pre­­sa canadense que fabrica os smartphones BlackBerry, apresentou na segunda-feira a desenvolvedores seu primeiro tablet. Em uma volta às raízes, entretanto, a companhia disse que o novo dispositivo – batizado como BlackBerry PlayBook – será destinado principalmente a usuários corporativos.

A introdução de um tablet só deve fazer crescer as críticas de ana­­listas, para quem a empresa es­­tá brincando de pega-pega com a Apple. Isso estaria ocorrendo porque, depois de popularizar a troca de e-mails pelo celular, a RIM ce­­deu boa parte da liderança que construiu no mercado americano para a Apple e para aparelhos baseados no sistema operacional An­­droid, do Google.

Em uma tentativa de diferenciar o PlayBook do iPad, Michael La­­zaridis, co-presidente da RIM, disse que o aparelho contém diversas funções requisitadas pelos departamentos de Tecnologia da Informação de grandes empresas. Em um discurso dirigido aos participantes de uma conferência, La­­zaridis chamou-o de "o primeiro tablet profissional do mundo" e enfatizou várias vezes que ele é totalmente compatível com os servidores especiais que corporações e governos usam atualmente para controlar e monitorar os Black­Ber­rys de seus empregados.

A empresa divulgou alguns da­­dos específicos sobre o novo aparelho, mas deixou muitas perguntas sem resposta – a mais notável delas, o preço. A companhia também foi vaga a respeito da data de lançamento, indicando apenas que ele deverá estar disponível no começo do ano que vem.

Entre as novidades do PlayBook estão saídas que permitem exibir conteúdo do aparelho em televisores e monitores de computador, mas Lazaridis não tentou mostrá-los durante sua apresentação. Num telão acima dele, animações mostravam as funções do Play­Book, mas o executivo não fez mais do que segurar o aparelho na mão e ligá-lo. "É um produto muito real", disse Charles Golvin, chefe de análise da Forrester Research. "Mas, obviamente, muito dele ainda está em desenvolvimento."

O novo aparelho pode ainda exibir páginas da web criadas com o software Flash, da Adobe, uma capacidade que o iPad não tem. Para destacar esse ponto, o presidente da Abobe, Shantanu Na­­rayen, apresentou-se no palco com Lazaridis. E – talvez em resposta a críticas de que o sistema operacional de seus smartphones está ultrapassado – a RIM deixou claro que o PlayBook usará um novo sistema, desenvolvido pela QNX Soft­ware, uma companhia que a RIM comprou no começo do ano, da Harman International. Com isso, talvez os telefones e ta­­blets da RIM tenham incompatibilidades no sistema operacional. Golvin, da Forrester, espera que desenvolvedores independentes contornem o problema com o uso do Flash e de protocolos padrão da web.

A RIM ficou bem para trás da Apple no número de aplicações disponíveis para seus celulares. Mas, imediatamente após o anúncio do PlayBook, a Amazon anunciou que pretende lançar uma versão compatível do aplicativo para leitura de e-books do Kindle.

Diferentemente dos iPads mais caros, que têm conectividade 3G, os PlayBooks não poderão se ligar à internet rápida pelas redes das operadoras. Os usuários poderão conectar-se por meio de uma interface bluetooth, a partir de seus BlackBerrys, ou usar redes wi-fi.

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