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Recuo de 0,28% na média do rotativo dos cartões foi registrado no mês passado | Creative Commons
Recuo de 0,28% na média do rotativo dos cartões foi registrado no mês passado| Foto: Creative Commons

Mobilização?

UGT lança campanha contra juros do rotativo dos cartões

A União Geral dos Trabalhadores (UGT) programou para hoje, na Avenida Paulista, em São Paulo, o lançamento de uma campanha nacional pela redução das taxas de juros dos cartões de crédito. O evento está marcado para às 10 horas, em frente ao prédio do Banco Central (BC). A campanha prevê ainda um abaixo-assinado, a ser entregue à presidente Dilma Rousseff, cobrando a adoção de medidas capazes de baixar os juros. O objetivo é conseguir um milhão de assinaturas, nas principais cidades do país. Em maio, a UGT realizou ato contra os altos juros dos cartões de crédito que reuniu cerca de 500 manifestantes na região da Avenida Brigadeiro Faria Lima, na zona sul da capital paulista, de acordo com a central. A UGT critica o "abuso das operadoras de cartão de crédito, que cobram juros estratosféricos".

Opinião

O cartão e a caneca

Ainda não é hora de se entusiasmar. O fato de os juros do cartão de crédito terem caído pela primeira vez em quase quatro anos é um bom sinal, mas ainda não é a boa notícia que os brasileiros esperam. A redução média foi de 10 pontos porcentuais em uma taxa que estava em 238% ao ano – na verdade estou resistindo a usar o adjetivo "desprezível", mas creio que ela é a mais adequada à situação. Apenas compare:

• Nos Estados Unidos, as taxas estão em torno de 14,5% ao ano;

• No Reino Unido, os juros do cartão bateram um recorde histórico no ano passado. Atingiram 19,1% ao ano – de lá para cá, voltaram a cair um pouco;

• No México, os donos de tarjetas pagam 25% de juros ao ano. A taxa máxima que aparece no relatório do Banco de México (o BC deles) referente a dezembro de 2011 é de 93,8% – um porcentual que se aplica somente a clientes com saldo baixo e que não pagam as faturas em dia. É alto, mas, mesmo assim, equivale à metade da taxa brasileira.

Olhando para esses exemplos dá para perceber o quanto os juros que pagamos no Brasil estão fora da realidade. Não é de surpreender que a inadimplência seja alta. Quem aguenta pagar juros tão altos?

As administradoras precisam baixar os juros mais, e mais rápido. Reduções como a constatada pela Anefac não significam nada. É como usar uma caneca para retirar a água de uma piscina, para tentar salvar uma pessoa que se afoga.

Franco Iacomini, editor de Economia

Pela primeira vez após 33 meses sem registrar nenhum movimento, ignorando a trajetória de redução dos juros básicos (Selic), a taxa média do rotativo do cartão de crédito caiu 0,28 ponto porcentual em setembro, de 10,69% para 10,41% ao mês. É o que mostra a Pesquisa de Juros da Associação Na­ci­onal de Executivos de Fi­nan­ças, Administração e Contabilidade (Anefac). De agosto de 2011 a setembro deste ano, a Selic caiu 5 pontos porcentuais, de 12,5% ao ano para 7,5% ao ano – o levantamento não alcançou o corte de 0,25 ponto decidido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada, que levou a Selic para 7,25% ao ano.

Das taxas das seis linhas de crédito pesquisadas, todas foram reduzidas no mês. A taxa de juros média para pessoa física apresentou redução de 0,21 ponto porcentual no mês, passando de 6,02% em agosto para 5,81% no mês passado. Para pessoa jurídica, a taxa de juros média das três linhas pesquisadas caiu 0,13 ponto porcentual, passando de 3,44% ao mês em agosto para 3,31% ao mês em setembro. Nos dois casos, a taxa de juros caiu para a menor taxa da série histórica, desde 1999.

Entre as taxas cobradas das pessoas físicas, a maior redução foi verificada nos juros do comércio, que caíram de 4,55% ao mês em agosto para 4,20% ao mês em setembro, queda de 0,35 ponto porcentual. Entre as taxas oferecidas às pessoas jurídicas, o maior recuo foi registrado nos juros para desconto de duplicatas, que passaram de 2,46% ao mês em agosto para 2,26% ao mês em setembro, diferença de 0,20 ponto.

"A nossa expectativa é de que as taxas de juros voltem a ser reduzidas nos próximos meses por conta da melhora da economia e pela maior competição no sistema financeiro após os bancos públicos promoverem reduções em suas taxas de juros, bem como pela expectativa de redução dos índices de inadimplência no segundo semestre", afirmou o coordenador de estudo da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira.

Ofensiva

Mais efeitos da competição entre os bancos podem aparecer até o fim do ano nas contas da Anefac. Ainda em setembro, o Bradesco anunciou que a partir de 1.º de novembro o rotativo dos cartões que administra terá juros de um dígito, de no máximo 6,9% ao mês. Hoje, o banco cobra taxa máxima de 14,9% ao mês na modalidade. A redução representa um corte de 54%.

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