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Opinião

"Alta segura crescimento, mas cria cenário mais favorável para 2015"

Roberto Padovani, economista-chefe da Votorantim Corretora.

Foi acertado o ritmo menor de alta do juro?

Sim. Há elevado risco inflacionário, justificando o aperto monetário, mas o Banco Central deve considerar os efeitos defasados da política monetária. A atividade deve enfraquecer e contribuir para retirar a pressão nos preços.

Percebeu mudança no discurso do governo em relação à política econômica?

Há algum tempo o governo vem reformulando estratégias e corrigindo rumos da política econômica, como na política monetária, que começou a ser revista em 2013. Tem se mostrado atento às mudanças do cenário global e se adaptado às condições locais de modo pragmático.

Com o nível de juro atual, o que espera do crescimento da economia este ano?

Correções na política econômica cobram um preço de curto prazo, que é o menor crescimento. De outro lado, o país cria condições para um ciclo mais favorável em 2015. Haverá maior confiança nas regras econômicas e custos de produção mais baixos, tornando a economia atraente para investimentos e mais competitiva.

Com as perspectivas de crescimento econômico em queda neste ano eleitoral, o Banco Central (BC) decidiu moderar o ritmo de alta dos juros. Em decisão unânime, o BC informou que a taxa Selic, referência para o rendimento das aplicações financeiras e para o custo dos empréstimos bancários, subirá de 10,5% para 10,75% ao ano.

Confira o histórico da Selic

Até então, a taxa havia sido elevada por seis vezes consecutivas em 0,5 ponto percentual, na tentativa de conter a inflação – que está acima das metas oficiais desde o fim do governo Lula. Lacônico, o BC relatou, no texto, estar "dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na reunião de abril de 2013".

A medida leva os juros de volta ao mesmo porcentual em vigor no início do mandato da presidente Dilma, que fez da queda das taxas uma de suas bandeiras políticas. Um ano atrás, a Selic estava em apenas 7,25%, o menor patamar desde que a taxa foi criada, em 1986. O recorde, porém, não resultou na esperada aceleração do consumo e dos investimentos.

Perspectivas

Para o futuro, as apostas dos economistas são de mais uma alta da Selic em abril, de 0,25 ponto percentual. Depois disso, a taxa ficaria estável, encerrando 2014 em 11% ao ano. "Se o governo subir a Selic acima disso, pode prejudicar ainda mais o crescimento da economia, que já não é bom. Ele não deve querer um juro maior que 11% ao ano, especialmente depois que o mercado ganhou mais confiança no governo após o anúncio da meta de corte nos gastos", diz Elad Revi, analista-chefe da Spinelli Corretora.

Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, afirma que o Copom vai se manter fiel ao "plano de voo original sinalizado na última reunião de política monetária, que é o de buscar, a partir de agora, fazer a sintonia fina dos juros enquanto aguarda pelos efeitos defasados do ajuste já realizado sobre a economia".

Pessoa física

Com o aumento para 10,75% ao ano, a taxa média de juros para pessoas físicas ficará em 93,83% ao ano (ou 5,67% ao mês), segundo cálculos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Em janeiro, o juro médio ao consumidor ficou em 93,39% ao ano (ou 5,65% ao mês – o maior nível desde setembro de 2012), ainda de acordo com a associação.

Em julho de 2011, quando a Selic estava em 12,50% ao ano, o juro médio ao consumidor era de 121,21% ao ano. Apesar da redução nos últimos dois anos, os juros cobrados do consumidor final são muito superiores à Selic, alertam os consultores.

Fundo retoma vantagem sobre poupança

Com o novo aumento da taxa Selic, para 10,75% ao ano, os fundos de renda fixa retomam vantagem sobre a poupança, que havia passado, em janeiro, a registrar rendimento maior que os fundos em mais situações de taxa de administração e prazo de resgate.

Uma das explicações para a melhora do desempenho projetado para os fundos de renda fixa foi a queda da Taxa Referencial (TR), que compõe a remuneração da poupança. A TR média passou de 0,09 ponto percentual em janeiro para 0,05 ponto percentual em fevereiro.

Projeção da Anefac mostra que a caderneta ganha agora dos fundos de renda fixa independentemente do prazo de resgate apenas nos produtos com taxa de administração de 3% ao ano.

Em relação aos fundos com taxa de 2,5% ao ano, a poupança ganha em resgates feitos em até dois anos e empata naqueles acima desse prazo.

E em relação aos produtos com taxa de administração de 2% ao ano, a caderneta paga mais apenas nos resgates realizados em até um ano. Nos demais casos de fundos com taxas de administração de 0,5% ao ano a 1,5% ao ano, a caderneta perde sempre.

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