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Aldair Rizzi, ex-diretor do Instituto Tecnológico do Paraná (Tecpar): instituição quer ampliar e diversificar oferta de tecnologias para garantir viabilidade econômica | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Aldair Rizzi, ex-diretor do Instituto Tecnológico do Paraná (Tecpar): instituição quer ampliar e diversificar oferta de tecnologias para garantir viabilidade econômica| Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo

Vacina antirrábica ganha nova tecnologia

O surgimento do Tecpar, em 1940, está relacionado à expansão das fronteiras agrícolas do Paraná. As pesquisas inicialmente tinham o intuito de fornecer soluções para o agronegócio, como controle de pragas e análise de solo.

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Alternativa

"Fábrica de mosquitos" ajuda agricultura

A mudança de tecnologia de fabricação da vacina antirrábica derrubou a produção laboratorial de camundongos. Com o espaço prestes a ficar ocioso, um dos dois biotérios do Tecpar foi adaptado para se tornar uma biofábrica – ao invés de ratos, agora o laboratório produz outro tipo de organismo indesejado pela sociedade. A nova demanda dos técnicos é produzir mosquitos especiais, capazes de controlar pragas da agricultura. Os insetos em produção são predadores naturais de larvas que causam doenças nas lavouras de cana-de- açúcar.

A tecnologia para isso, segundo o diretor Aldair Rizzi, foi literalmente retirada de uma prateleira da Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp). "Os professores de Agronomia e Ciências Biológicas falavam sobre o uso de agentes biológicos como inseticida com certo ceticismo, porque é senso comum que a indústria de agrotóxicos detém um poder muito grande sobre a produção rural. Então, eles achavam que o projeto não iria para a frente. Como a pesquisa acadêmica estava pronta, em questão de três meses o projeto nasceu, amadureceu e foi para a rua nas instalações do antigo biotério", diz. (AL)

  • Veja um gráfico sobre a vacinação contra raiva

A elaboração de um insumo que transforma a vacina tríplice bacteriana em tetravalente – adicionando proteção de meningite B na vacina contra tétano, difteria e coqueluche – é um dos novos projetos em andamento para diversificar a produção do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar). Em breve, a nova mistura deve começar a ser distribuída a crianças de todo o país. A partir da ampliação e diversificação da oferta de tecnologias como essa, em especial nos segmentos de saúde, o Tecpar, instituição pública que recentemente comemorou 70 anos de existência, pretende conquistar autossustentabilidade financeira.

A expansão segue um plano de reestruturação elaborado por professores do curso de administração da UFPR, que previu novas linhas de produção para atender demandas do Ministério da Saúde e do mercado. "Nossos primeiros passos nesse sentido estão mantendo a nossa vocação de produção de tecnologia para saúde humana e saúde animal", diz o ex-diretor presidente do Tecpar, Aldair Rizzi, que deixou o cargo na semana passada para concorrer nas próximos eleições.

As novas demandas do Plano Nacional de Saúde trazem a oportunidade de dobrar o faturamento do instituto em médio prazo, segundo Rizzi. "O objetivo é liberar os recursos do Fundo de Ciência e Tecnologia exclusivamente para pesquisa e desenvolvimento de novos produtos", diz. Do orçamento de R$ 80 milhões para 2010, 49% da receita do Tecpar reflete a comercialização de bens e serviços próprios, enquanto 51% é bancado pelo Fundo Paraná de Ciência e Tecnologia (formado por 2% da arrecadação tributária do estado). O instituto tem hoje 530 funcionários nas cinco unidades espalhadas pelo estado.

Ele destaca que a diversificação já começou. No ano passado foram comprados equipamentos chamados biorreatores, e convênios com outros institutos de pesquisa foram fechados – um deles é o da vacina tetravalente, cuja "proteína monomérica tetânica" está sendo encaminhada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que gerencia a vacina para o governo. "Com esse produto, contribuímos com a tendência mundial de aumentar a quantidade de doenças combatidas com uma única dose", destaca.

Diagnóstico

Ainda em uma parceria estreita com a Fiocruz, entre maio e junho deve começar a produção de kits de diagnóstico de hepatite C e do vírus HIV, item que por enquanto ainda é importado pelo Brasil. "A estimativa do ministério é de economia de R$ 260 milhões gastos por ano na importação desses kits", diz. "Essa articulação é uma aposta em integrar mais as redes de pesquisa, ampliando o leque de medicamentos produzidos no país. Existe muito potencial nesse planejamento, e o Ministério da Saúde está apostando firme nessa ideia."

O ex-presidente diz que o Tecpar espera poder aprofundar os convênios com o governo a partir da prioridade declarada para fabricação nacional de mais de 50 farmoquímicos ou medicamentos, entre eles insulina humana, toxina botulínica, antirretrovirais, antibióticos e antifúngicos. Eles foram definidos como "produtos estratégicos" no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) pelo Ministério da Saúde. A portaria 978 do governo federal que define a prioridade de elaboração desses novos produtos foi apelidada de "PAC da saúde."

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