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Confira a evolução dos preços da Telebrás |
Confira a evolução dos preços da Telebrás| Foto:

Entenda

Empresa perdeu sentido nos anos 90

A Telebras foi criada em 1972, numa reestruturação do sistema de telecomunicações realizada pelo governo federal. Com isso ela tornou-se a maior acionista das telefônicas estaduais e centro da política nacional para o setor. Com as privatizações, em 1998, ela perdeu o sentido, já que não havia outras empresas "penduradas" nela e ela própria não possuía nenhuma outra atividade. Desde 1997 especula-se que ela poderia ser usada para outras finalidades, e membros do governo Lula falaram diversas vezes em torná-la a operadora nacional de banda larga. Investigações apontam que o ex-ministro José Dirceu tenha atuado fazendo lobby em favor de Nelson dos Santos, dono da Eletronet, empresa com interesse na reativação da Telebras.

Quem não gostaria de encontrar um investimento capaz de triplicar seu capital em apenas dois meses? Foi o que aconteceu com os compradores de ações da Telebrás, a antiga estatal do setor de telecomunicações que "bombou" na bolsa nas últimas semanas. Apesar dos ganhos que algumas pessoas obtiveram, os papéis são contraindicados pelos especialistas, que atribuem a alta à especulação e manipulação política.

O que inflamou o aumento do preço dos papéis da Telebrás foram os boatos de que ela será a empresa escolhida pelo governo para administrar o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), iniciativa do governo federal com o objetivo de ampliar o acesso à internet rápida em todo o país (leia mais no box). Se isso acontecer, a empresa terá potencial para valorizar-se ainda mais, e é nisso que os especuladores se apoiam.

Não há, entretanto, qualquer garantia de que o projeto vai se realizar dessa maneira. E a Telebrás é, atualmente, um mico em potencial. Foi criada para ser a holding federal que detinha as ações das telefônicas estaduais. Quando estas foram privatizadas, ela sobrou, mas não tem nenhuma operação e é deficitária. Por isso seus papéis não valiam nada na bolsa – tinham virado pó, como se diz no jargão do mercado. "Era um mico e, de repente, as pessoas caíram em cima", define o economista Jackson Peters, professor do Estação Business School.

Foram ressuscitados pelos boatos que cercam o PNBL e pela intenção do governo de administrá-lo por meio de uma empresa estatal. Mas são só planos, cercados de lobbistas e de pressões que fogem à normalidade do mercado – um tipo de jogo sujo em que o pequeno investidor é o lado mais fraco. "Quem compra ações da Telebrás está, na verdade, levando um saco vazio para casa", opina o consultor de investimentos Raul Gomes Pereira Ribas, da Diversinvest. "Compra pensando em ganhar muito, mas não sabe bem o que está fazendo."

Ribas classifica a compra de ações da Telebrás como especulação, e observa que o investidor que entra em "jogadas" como essa pode perder muito. "Acho que a coisa mais prudente a fazer é ficar fora. Quem entra por último pode acabar comprando caro enquanto os especuladores que têm a informação política estão vendendo", opina. Ou seja: o jogo político que envolve o grande negócio da banda larga pode mudar, deixando o investidor mais pobre. "Pode ser que haja mais alguma influência positiva, mas não tem como antecipar e não há nenhuma razão técnica para isso." Peters vai na mesma linha: "Tem muita gente entrando e muita gente saindo desse papel; não dá para imaginar o quem vem por aí".

E quem já ganhou dinheiro com a alta da Telebrás? Na opinião de Ribas, esses têm uma ótima razão para realizar seus lucros. "Alguns tiveram sorte, uma sorte que os inocentes também têm de vez em quando", diz.

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