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Serviço móvel do país está com atraso de uma década, diz UIT | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Serviço móvel do país está com atraso de uma década, diz UIT| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Opinião

Chovendo no molhado

Para o leitor, uma reportagem dizendo que os serviços de telecomunicações são caros no Brasil equivale a chover no molhado. Sim, são caros, e você constata isso todo mês, na hora de pagar a fatura. Importante, então, é investigar a razão desses preços altos. Faça essa pergunta aos provedores de serviços e você terá a resposta habitual: os impostos são muito altos. É até possível, mas essa não é, nem de longe, a única razão. Veja só o veredito da UIT sobre o caso – para a organização, o que falta nesse mercado é competição. Isso o usuário já sabe por experiência própria. Os preços são parecidos, as coberturas são semelhantes e o atendimento é sempre péssimo. É nesse ambiente que entra o governo com a proposta de uma estatal para comandar a expansão da banda larga. O problema é que a ação do Estado nas telecomunicações, no passado, foi muito ruim, e até agora ninguém deu mostra de que a Telebras Banda Larga será melhor. O risco é continuar pagando caro, só que agora para o governo.

Franco Iacomini, editor de Tecnologia

O preço que o brasileiro paga pelos serviços de telecomunicações (internet banda larga, telefonia fixa e celular) caiu no ano passado em relação a 2008. Mesmo assim, o Brasil ainda tem um dos custos mais altos do mundo para esses serviços. E o acesso ao celular no Brasil ainda está uma década atrasado em comparação aos países lideres no uso da tecnologia.O alerta faz parte do relatório anual produzido pela União Internacional de Telecomunica­ções sobre tecnologias da informação, considerada a avaliação mais completa do mercado. Para a entidade, o Brasil ainda não completou sua liberalização do mercado para operadores, e a falta de concorrência em algumas áreas ainda é um obstáculo. A taxa de penetração de celulares, por exemplo, é equivalente ao que Hong Kong, Itália, Luxem­burgo ou Emirados Árabes tinham em 2000.O Brasil subiu de forma marginal no ranking que mede a preparação de cada país em termos de tecnologia de comunicação, passando do 61º lugar para o 60º entre 2008 e 2009. Mas o país ainda não voltou à posição que tinha em 2002, quando estava entre as 50 economias mais competitivas nesse setor. O motivo da queda seria a relativa baixa educação da população, que prejudica o uso de novas tecnologias.

Outro fator é o custo ainda cobrado por operadoras que prestam serviços de comunicações. No geral, um brasileiro gasta 4,1% de sua renda para pagar por tecnologias de comunicação, taxa superior à de 86 outros países. A taxa é a pior entre os países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) e perde também para Argentina e Irã, por exemplo. Proporcionalmente, um brasileiro gasta mais de dez vezes o que um cidadão europeu ou canadense gasta para se comunicar. A boa notícia é que o custo vem caindo. Em 2008, o custo era de 7,6% da renda do brasileiro.

Mesmo assim, a comparação internacional é francamente desfavorável. O relatório da UIT coloca a tarifa de telefonia celular do Brasil em 121º lugar num ranking que compara a renda nacional com as tarifas praticadas. Estamos ali, entre o Laos e o Tajiquistão, piores do que Angola e um pouquinho à frente da Suazilândia.

Tevê paga

Foram vendidos 149,9 mil novos pacotes de tevê por assinatura em janeiro, segundo dados divulgados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Dessa forma, o Brasil chegou a 7,6 milhões de domicílios com o serviço. É um incremento de 2% em relação à base de assinantes de dezembro de 2009, maior porcentual verificado desde 2006 para o mês de janeiro. Levando em conta o número médio de 3,3 pessoas por domicílio, considerado pelo IBGE, são 25,2 milhões de brasileiros com acesso à tevê paga.

Do total de assinaturas, 4,4 milhões são prestadas por meio de sinais enviados via cabo, o que representa 57,9% do mercado. Em seguida, vem a tecnologia via satélite (DTH), que atende 2,8 milhões de assinantes. Por último, está a transmissão de sinais por micro-ondas (MMDS), que atende a 353,7 mil domicílios.

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