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O ministro das Telecomunicações, Paulo Bernardo, afirmou que a Telefônica não poderá assumir as operações da GVT no Estado de São Paulo, em uma eventual aquisição da companhia, por ser uma concessionária de telecomunicações.Porém, nas outras regiões de atuação da GVT no Brasil, o ministro afirmou que "uma operação como essa não tem problema nenhum".

A espanhola Telefónica anunciou nesta terça-feira (5) proposta de R$ 20,1 bilhões para compra da operadora brasileira GVT, mais que o dobro do valor oferecido pelo grupo espanhol cinco anos atrás, quando perdeu a disputa para a francesa Vivendi.

A Vivendi - controladora da GVT - disse que nenhuma de suas unidades está à venda, mas que irá considerar a oferta da Telefónica na próxima reunião do Conselho.Além da aprovação da francesa, o negócio ainda dependerá da aprovação das autoridades regulatórias do Brasil - Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações)- para entrar em vigor.

A Telefônica Brasil disse que a oferta consiste em R$ 11,96 bilhões em pagamento em dinheiro, além de novas ações de emissão da companhia, representando 12% da Telefônica Brasil após a aquisição da GVT.Em um esforço para cortar o custo do acordo, a Telefónica ofereceu à Vivendi a chance de adquirir 8,3% de participação na Telecom Italia.

Mercado

O Brasil, onde a Telefónica controla a maior operadora de telefonia móvel, a Vivo, é um mercado crucial para a gigante das telecomunicações espanhola, uma vez que representa seu segundo maior gerador de caixa e tem potencial de crescimento diferente de mercados saturados como os de Alemanha e Reino Unido.

A compra da GVT ajudaria a espanhola a se fortalecer no mercado de telefonia fixa e internet banda larga, mercado em que ocupa a terceira posição no Brasil, com fatia de 18,4%.

A GVT é líder no Brasil em internet de alta velocidade e televisão conectada.A Telefónica cobiça o ativo há tempos, tendo perdido uma guerra de ofertas inicial para comprar a GVT para a Vivendi em 2009.

A oferta é é válida até o dia 3 de setembro.

Em relatório, analistas da corretora CGD Securities disseram que "apesar do valor elevado, vemos esse fato como positivo para as ações da Telefônica, pois diminuiria um competidor em sua região (São Paulo) e permitiria à empresa expandir em outras regiões do Brasil no segmento fixo, especialmente onde a GVT já tem infraestrutura".

Para os analistas, a oferta é negativa "para as ações da TIM, visto que afastaria a possibilidade da Vivo (marca usada pela Telefônica no Brasil) comprar a TIM".Eles acrescentaram que "a fusão entre TIM e GVT não mais ocorreria, deixando a operadora móvel em posição isolada no mercado brasileiro".

Histórico

A Telefônica tentou comprar a GVT em 2009, em uma guerra de ofertas que acabou sendo vencida pela Vivendi.

Naquela ocasião, a unidade brasileira do grupo espanhol começou a disputa com oferta de R$ 48 por ação da GVT, que depois foi elevada para R$ 50,50, equivalente a cerca de quase R$ 7 bilhões por toda a GVT, na época.

A Vivendi acabou oferecendo R$ 56 por papel da empresa em uma operação polêmica que foi classificada pelo presidente da Telefônica Brasil, Antônio Carlos Valente, como "gol de mão".

Ofertas rivais

A oferta da Telefónica também pode disparar interesse de outros compradores. Quando a Vivendi tentou vender a GVT em 2012, a empresa atraiu interesse de um consórcio liderado pela empresa de investimentos KKR e pela operadora de TV por satélite DirecTV, que agora está sendo comprada pela norte-americana AT&T.A Vivendi decidiu não vender na ocasião por entender que a oferta era muito baixa.Uma fonte próxima da administração da Vivendi afirmou nesta terça-feira (5) que a oferta da Telefónica é um "bom preço para uma primeira proposta", mas ainda não está claro o que o chairman e maior acionista do grupo francês vai querer fazer.

A fonte afirmou ainda que a Telecom Italia pode entrar na briga e que provavelmente é muito cedo para a DirecTV, uma vez que seu acordo com AT&T ainda está sendo alvo de avaliação de reguladores.

"Eu creio que vai acabar sendo uma guerra entre os espanhóis e os italianos", disse a fonte. "Mas uma decisão de vender a GVT tem enormes implicações para a Vivendi", acrescentou, afirmando que a empresa francesa não teria um uso imediato para o dinheiro levantado com uma eventual venda do ativo brasileiro.

Além disso, Bollore, que acabou de assumir o comando da Vivendi, tem dito que seu objetivo é criar uma companhia de mídia coerente, por meio de aquisições e fazendo suas operações de TV paga, música e a GVT trabalhando de forma mais integrada.A Vivendi pode ir à mesa de negociação se novas ofertas surgirem, escreveram analistas da Liberum. "Acreditamos que a Vivendi venderá. A GVT não se encaixa na estratégia informada de ser uma empresa de mídia e conteúdo."

Telecom Italia

As ações da Telecom Italia tiveram forte queda nesta terça-feira (5) após a divulgação da oferta da Telefónica. Os papéis da companhia chegaram a ter a negociação suspensa na Bolsa de Milão depois de caírem 4,97%, com operadores afirmando que uma oferta da espanhola pela GVT fere as perspectivas para o grupo italiano de telecomunicações.Às 7h40 no horário de Brasília, as ações da Telecom Italia tinham queda de 5,43%.A Telefónica é o maior investidor na Telecom Italia, com uma participação de 14,8%.

"Isso coloca um ponto de interrogação sobre a porcentagem da participação da Telefónica na Telecom Italia", disse um operador de Milão.

"Os ativos brasileiros da Telecom Italia perderam seu apelo para a Telefónica".Outro membro de uma corretora disse que a Telefónica estaria definitivamente reconsiderando seus investimentos na Telecom Italia.

Telefônica Brasil

Após a notícia da oferta pela GVT, as ações da Telefônica Brasil abriram em forte queda.

Às 10h24, a ação preferencial da Telefônica Brasil exibia queda de 4,43%, a R$ 44,18, enquanto a ordinária -que não integra o Ibovespa- perdia 3,39%, a R$ 37,90. O Ibovespa tinha desvalorização de 0,25%.

"O movimento (da Telefônica) pode ser visto com surpresa num primeiro momento, e o valor do negócio e a diluição (da participação dos acionistas) pode causar um impacto negativo inicial nas ações", escreveram em nota a clientes os analistas Mauricio Fernandes e Rodrigo Villanueva, do Bank of America Merrill Lynch.

"Contudo, nós esperamos que isso seja mitigado pelo que consideramos ser um movimento que parece ser muito estratégico", acrescentaram os analistas do BofA.

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