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Reza a lenda que, ao comentar as reclamações da população francesa sobre a falta de comida, Maria Antonieta – última rainha da França, esposa de Luís XVI, guilhotinada em 1793 –, teria dito a célebre frase "se não têm pão, que comam brioches!". Hoje sabe-se que a declaração foi atribuída a ela por maldade da oposição. Curiosamente, a idéia que move os consumidores das panificadoras chiques de hoje em dia é exatamente a oposta. Pão tem, e à vontade. Mas o que eles querem é bem mais do que isso.

Na infinita variedade oferecida pelas "boulangeries" curitibanas, os chamados pães fibrosos estão sempre entre os mais vendidos. Com nomes como "pão sementeiro" ou "pão sete grãos", eles levam em sua composição todo tipo de fibras e sementes: trigo, soja, linhaça, girassol, gergelim, malte, abóbora, aveia e até papoula. São, portanto, muito mais digestivos. E acompanham a tendência generalizada de crescimento da demanda por produtos saudáveis.

Mas é inevitável: a riqueza de carboidratos dos pães e a perigosa proximidade dos bolos, doces e sobremesas – que estão logo ali, na vitrine ao lado, quase que pedindo para serem levados – representam uma séria ameaça ao regime de qualquer um. O analista de marketing Fábio Caliman, que era um assíduo freqüentador da filial da Requinte do bairro Cabral, teve que diminuir as visitas à confeitaria – ele passou por uma cirurgia de redução do estômago.

Mas Fábio diz que a grande variedade de pães até ajuda na hora de enfrentar o regime forçado. "Hoje eu compro menos, mas tenho várias opções para escolher bem o que eu vou levar. As padarias antigas tinham muito pouca variedade, no máximo vendiam um pãozinho de queijo." Na lista de favoritos, Fábio inclui o pão de cebola – que tem ingredientes como semente de papoula ou orégano –, a baguete com provolone e o pão pizzacatto, que leva salame, tomate, queijo e cebola. "Não tem jeito: comer pão com mortadela e manteiga todo dia enjoa", brinca o analista de marketing.

Outra grande fã da Requinte é Izabel Cunha, que se mudou para o bairro Bigorrilho em 1987, pouco depois da abertura da panificadora. "Desde aquela época ela já era uma padaria diferente. A gente encontra de tudo por lá", conta Izabel, que gosta de usar os serviços de encomenda de café da manhã e salgadinhos oferecidos pela panificadora. (FJ)

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