• Carregando...
O futuro parecia promissor quando Weliton Silva Ribeiro começou seu trabalho temporário na fábrica da GM em São José dos Campos (SP), no ano passado. Nesta semana, porém, ele foi incluído no corte de 800 funcionários promovido pela montadora | Nelson Almeida/AFP
O futuro parecia promissor quando Weliton Silva Ribeiro começou seu trabalho temporário na fábrica da GM em São José dos Campos (SP), no ano passado. Nesta semana, porém, ele foi incluído no corte de 800 funcionários promovido pela montadora| Foto: Nelson Almeida/AFP

Com a desaceleração da atividade econômica, o desemprego avança e ameaça principalmente quem tem contrato temporário ou terceirizado. Como esse tipo de relação trabalhista é frágil, fica mais simples e barato para as empresas a dispensa desses profissionais do que a de funcionários com vínculo tradicional. Todos os 800 demitidos da General Motors de São José dos Campos (SP), por exemplo, eram temporários.

Segundo estimativa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), cerca de 25% dos profissionais com carteira assinada no país têm a chamada relação precarizada com seus empregadores – o que inclui terceirizados, temporários, além de estagiários e os contratos como pessoa jurídica. Isso significa que cerca de 7,7 milhões de brasileiros estão na berlinda e têm mais chance de perder o emprego neste momento. Foi o que ocorreu com Fabrício Correia, 29 anos, de Curitiba.

O metalúrgico começou a trabalhar na montadora Volvo em 1º de outubro do ano passado num contrato temporário com validade de seis meses. Dois meses depois, Correia e outros 200 empregados temporários foram informados pela fábrica que o fim do contrato seria antecipado. "Quando a gente entra numa empresa como temporário, sonha que o trabalho será reconhecido e a efetivação vai acontecer", lamenta o operário.

Fragilidade

"Esses são os vínculos mais frágeis, os primeiros a serem rompidos", afirma Roberto Gonzalez, técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ligado ao Ministério do Planejamento. Aos 26 anos, o pedreiro Francisco Costa coleciona três carteiras de trabalho e já perdeu a conta de quantos empregos teve em dez anos de mercado. Costa lamenta a falta de garantias: "Às vezes levamos o calote dos empreiteiros e não temos a quem reclamar".

O diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas (SP), Eliezer Mariano da Cunha, diz que ter profissionais terceirizados e temporários é uma forma de as empresas "aumentarem seus lucros e gastarem menos com as obrigações trabalhistas". Na região, montadoras, empresas de autopeças e do setor de eletroeletrônicos optam pelos temporários, segundo Cunha, e já vêm demitindo.

Nem o comércio escapou dos cortes dos temporários. Projeção do Clube Nacional dos Diretores Lojistas indica que, em janeiro, o comércio deve absorver apenas 3% dos temporários contratados para as vendas de fim de ano. Normalmente, a absorção é de 10%.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]