Terceiro setor ganha reforço para melhorar administração

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Atuando em inúmeras frentes, como preservação do meio ambiente, apoio à criança, educação, entre outras, o terceiro setor se consolidou como um importante apoiador do estado para a implementação e execução de projetos sociais. Apesar disso, a categoria, composta essencialmente por instituições sem fins lucrativos, ainda encontra dificuldades para a administração e prestação de contas. Muitas vezes há recursos disponíveis, mas falta conhecimento aos gestores para realizar a captação e utilização adequada do capital. Para mudar esse cenário, o governo tem firmado parceiras para promover a formação de profissionais, melhorando o comando dessas instituições.

Edson Casagrande, secretário estadual de Assuntos Estratégicos, comenta que através do contato com as instituições foi notada uma demanda latente por formação de qualidade. "Muitos gestores manifestaram que a falta de conhecimento atrapalha a gestão eficiente. Às vezes eles só conseguiam aprender tudo quando já estavam próximos ao fim de um mandato". Diante dessa necessidade, surgiu a ideia de aproveitar os Telecentros estaduais, que oferecem acesso público e gratuito à internet, para desenvolver centros de formação.

Traçados os objetivos, o governo foi atrás de grupos com expertise nas áreas mais carentes. O Tribunal de Contas (TC) e o Sebrae foram os primeiros selecionados, e assim foi concebido o Programa de Formação de Gestores para o Terceiro Setor. Estima-se que mais de 5 mil entidades no estado e os cerca de 10 mil profissionais que nela atuam possam ser favorecidos. "O foco é fazer com que as organizações sejam geridas de forma eficiente. O fato de não haver fins lucrativos não significa que deva haver prejuízo", salienta Casagrande.

Para iniciar o processo, o Sebrae avaliou cerca de 20 instituições e fez o diagnóstico: há grande disparidade. Segundo Ricardo Dellamea, assessor da diretoria da instituição, em algumas organizações havia facilidade em firmar parcerias e captar recursos, enquanto em outras faltava dinheiro até mesmo para manutenções estruturais. "Decidimos pegar os bons exemplos e compartilhar, e para isso vamos realizar um seminário semestral, para troca de informações, além de um banco de dados online, com boas práticas de gestão", comenta.

Os temas relacionados à prestação de contas e à Lei de Acesso à Informação vão ficar a cargo do TCE. Para Cléo de Lima, coordenadora da Escola de Gestão Pública do tribunal, a própria instituição será contemplada. "O terceiro setor é uma interface entre o serviço público e a sociedade. Uma gestão eficiente favorece ao próprio tribunal, pois muitas vezes é feito uso de recursos públicos", afirma.

As aulas serão ministradas pela Internet e nas cinco modalidades totalizam 87 horas. Para isso será aproveitada a estrutura de educação à distância do Sebrae. Nela será possível acessar os conteúdos sem hora marcada, e com o tutorial de especialistas para tirar dúvidas.

Fiep também investe na área

Com o objetivo de melhorar a situação das instituições do terceiro setor, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), mantém um núcleo especializado no assunto, dentro do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE). Representantes de aproximadamente 50 organizações participam de reuniões mensais, onde apresentam as necessidades do setor.

Rosane Fontoura, coordenadora executiva do CPCE, comenta que o grupo atua procurando soluções a partir do que foi discutido. "O núcleo é voltado ao fortalecimento das ONGs, que trazem as suas demandas para serem discutidas coletivamente", diz. A cada ano é definida uma agenda, que define as diretrizes para as ações que serão realizadas em todo o estado, e envolvem temas como legislação, gestão e planejamento.