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Barcos na baía de Paranaguá: para a Appa, plano federal privilegia empresas globais, sem espaço para cooperativas locais | Brunno Covello/ Gazeta do Povo
Barcos na baía de Paranaguá: para a Appa, plano federal privilegia empresas globais, sem espaço para cooperativas locais| Foto: Brunno Covello/ Gazeta do Povo

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Cooperativas cogitam montar consórcio e entrar na disputa por áreas

Mesmo com áreas maiores e com um volume de investimentos previstos mais robustos, as cooperativas do estado pretendem disputar as licitações dos novos arrendamentos do Porto de Paranaguá. O modelo ainda será discutido, mas Coamo - que já tem uma área no porto, mas que não será renovada - e Agrária já sinalizam que podem participar dos leilões. "Nossas cooperativas produzem mais da metade de todos os grãos que são colhidos no Paraná. Suas particularidades têm que ser consideradas para que este setor não definhe", afirma o presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslowski.

Existe também a possibilidade de que as cooperativas se mobilizem por meio de um consórcio para que possam competir com as gigantes do setor.

Futuro

Em consulta pública, plano ainda deve sofrer alterações

A proposta de arrendamentos para o Porto de Paranaguá ainda deve sofrer alterações até que saia o edital para licitação. A partir de segunda-feira, dia 30 de setembro, os interessados em propor mudanças no plano atual podem fazer sugestões pelo site da Agência Nacional de Transportes Aquaviários, www.antaq.gov.br. "Vamos receber as colaborações e considerá-las. Não há nada definitivo", afirma o Secretario de Planejamento e Desenvolvimento Portuário da Secretaria dos Portos (SEP), Rogério Menescal.

A consulta fica aberta a sugestões até 25 de outubro e o relatório final, com as mudanças, deve ser entregue ao Tribunal de Contas da União em novembro. A previsão é de que o edital saia em dezembro para que as licitações sejam feitas no primeiro trimestre de 2014.

  • Menescal, da SEP: casos serão

A Secretaria dos Portos (SEP) apresentou ontem em Curitiba um plano de arrendamentos para o porto de Paranaguá que era diferente daquele fornecido um dia antes pela ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, à reportagem da Gazeta do Povo. O documento apresentado pela ministra diz que os investimentos privados são de R$ 2,6 bilhões. Na proposta apresentada pela SEP na manhã de ontem, o total previsto era menor em R$ 1 bilhão.

Só às 20h40 de ontem a SEP divulgou uma nota com a intenção de esclarecer a diferença. "O total dos investimentos previstos para o Porto de Paranaguá (PR), dentro do programa de concessões do Governo Federal, está estimado em R$ 2,6 bilhões e não R$ 1,6 bilhão", diz o documento. "A diferença se refere ao terminal de contêineres que também constará da consulta pública do bloco dois e não foi considerado na apresentação." Ainda de acordo com a SEP, o terminal de contêineres estará em consulta pública a partir da próxima segunda-feira, dia 30 de setembro, junto com o restante das áreas.

O comunicado não chega a esclarecer totalmente a questão, já que o terminal de contêineres também não constava da proposta apresentada por Gleisi. Além disso, há diferenças importantes de valores entre uma e outra apresentação, em especial nos valores estimado para três áreas destinadas ao armazenamento de veículos, celulose e carga geral. Na apresentação feita por Gleisi, o investimento previsto nestes arrendamentos chegaria a R$ 1,2 bilhão, enquanto a estimativa anunciada ontem não passa dos R$ 200 milhões.

Operadoras evitam se posicionar

Entre os 10 terminais que estão previstos para arrendamento no plano do governo federal, há áreas de cinco empresas – União Vopak, Coamo, Cargill, Centro-Sul, Bunge – cujos contratos de concessão venceram entre 2012 e este ano. Durante o trâmite da MP dos Portos no Congresso Nacional, no primeiro semestre de 2013, alguns parlamentares tentaram incluir brechas que permitissem a renovação desses contratos mais antigos, mas não deu certo.

Procuradas pela reportagem da Gazeta do Povo, União Vopak e Centro-Sul não retornaram. A Bunge disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que não se manifestará até ter acesso ao edital de licitação.

Já a Cargill, também via assessoria, disse que está analisando as propostas para a audiência pública e poderá responder de forma mais objetiva aos questionamentos somente após essa análise. "O processo está em fase de consulta e, a exemplo de Santos e Pará, podem haver mudanças em função de colaborações colhidas nessa fase", disse, por nota. A empresa reforçou que tem planos de investir na melhoria da capacidade, conforme já foi comunicado aos órgãos públicos do setor. No caso da Coamo, o celular da assessoria de imprensa estava desligado durante o fim da tarde e início da noite de ontem.

Cotriguaçu

Assim como as seis empresas citadas acima, o contrato da Cotriguaçu – entidade que reúne as cooperativas Copacol, C.Vale, Coopavel e Lar – também está vencido. Os documentos da Casa Civil indicam, porém, que a área da entidade não entrou no novo plano porque seria tecnicamente inviável, por não estar localizada exatamente na área do porto organizado de Paranaguá e não poder ser licitada junto com as outras. Procurado pela Gazeta do Povo, o presidente da Cotriguaçu, Alfredo Lang, disse que a questão é complexa e exige uma avaliação criteriosa. "A Cotriguaçu ainda está estudando alternativas para solucionar o impasse".

Teapar

A área da Teapar foi listada entre os arrendamentos destinados para carga geral no novo plano de concessões, mas a empresa disse à reportagem que seu contrato vale até 2017. Realmente, os dados disponíveis da empresa, na Appa e na Antaq, dão conta de um termo aditivo assinado em 2007 que renovou por mais 10 anos os direitos de operação da Teapar no local.

Proposta desagrada cooperativas e Appa

Pedro Brodbeck

A proposta de arrendamentos do Porto de Paranaguá apresentada ontem pela Secretaria de Portos da Presidência não agradou a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) e as empresas que exploram estas áreas. A avaliação é que a concentração das áreas pode minar a competitividade entre os usuários dos terminais.

Na proposta, que estima que a iniciativa privada vai investir R$ 1,6 bilhão em áreas e novos berços no porto nos próximos anos, 17 áreas atuais são transformadas em 10 terminais a serem licitados. O modelo preocupa principalmente as cooperativas do estado. "É um modelo que privilegia as grandes empresas globais. É um nível de investimento que somente elas têm condições de fazer e isso pode ser fatal para o cooperativismo local", afirma o diretor empresarial da Appa, Lourenço Fregonese.

Além de unificar as áreas, o vencedor da licitação também será responsável pela construção dos novos berços e do acesso ao porto. "Não foram consideradas as especificidades das cooperativas e do Paraná. É preciso que isto seja revisto", afirma o presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslowski. As cinco áreas de granéis sólidos, por exemplo, foram condensadas em três arrendamentos, com quatro novos berços.

A proposta também não levou em conta o Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto Organizado (PDZPO). O projeto foi elaborado pela Estruturadora Brasileira de Projetos (EBP), empresa privada que traçou o diagnóstico para a melhoria da operação de todos os principais portos do país. "A ideia foi traçar uma visão global dos portos como uma política nacional, mas as particularidades ainda serão discutidas e consideradas", explica o Secretario de Planejamento e Desenvolvimento Portuário da Secretaria dos Portos (SEP), Rogério Menescal.

Retrabalho

De acordo com o superintendente da Appa, Luiz Henrique Dividino, a expectativa é de que a Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq) absorva as principais demandas locais que não estão contempladas na proposta atual. "Temos uma demanda muito maior do que a estimada na proposta, principalmente em grãos e fertilizantes, mas acredito que eles entenderão as nossas necessidades", completa.

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