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O jornalista Edmilson Edson dos Santos, o Sombra, uma das principais testemunhas do inquérito do mensalão do DEM de Brasília, revelou nesta quinta-feira (1) por telefone ao site G1 detalhes do "rolo compressor" anunciado por Durval Barbosa, seu amigo e pivô do escândalo, durante depoimento à CPI da Corrupção da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Nas novas declarações, Sombra fala que se encontrou com o ex-vice-governador Paulo Octávio (sem partido, ex-DEM). Este queria garantir a continuidade da gestão de Paulo Octávio, caso assumisse no lugar de José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM). "Tive três encontros com Paulo Octávio na varanda da minha casa", relata Sombra. "Ele me perguntou o que eu queria do governo dele, caso ele assumisse, para permitir que ele conseguisse terminar o governo", afirma o jornalista. "Ele queria saber o que eu queria para não ferrar com ele."

Segundo Sombra, os encontros com Paulo Octávio teriam ocorrido em dezembro de 2009, período em que o governo Arruda começava a declinar diante das denúncias de corrupção na máquina distrital. "Essa proposta o Paulo Octávio me fez na varanda da minha casa em uma conversa que terminou 5h da manhã", afirma Sombra.

Carlos Alberto de Almeida Castro, advogado de Paulo Octávio, confirmou ao site G1 que seu cliente realmente teve um encontro com Sombra. Mas que o encontro não teve o motivo alegado pelo jornalista. Segundo ele, Sombra teria chamado o ex-vice-governador para mostrar gravações. Ele disse que não houve conversa que tratasse da governabilidade do Distrito Federal e desafiou Sombra a provar o que diz.

O jornalista não tem registros dos encontros, mas dá como garantia duas testemunhas: "Todos os encontros tiveram a participação do advogado Eri Varela. Em um deles, participou uma terceira pessoa, mas não quero falar o nome agora."

Acareação

Empregados de Paulo Octávio também procuraram o jornalista nesse período, segundo Sombra: "Os assuntos eram os mais variados. E tudo isso vai ser levado à Polícia Federal. Vou pedir uma acareação com o Paulo Octávio quando isso chegar à PF. Eu quero ver ele me desmentir na acareação", diz Sombra.

Principal responsável pela prisão de Arruda no dia 11 de fevereiro, Sombra é a testemunha que foi alvo de tentativa de suborno flagrada pela PF no dia 4 de fevereiro. Foi esse episódio que levou o Superior Tribunal de Justiça (STJ) a ordenar a prisão de Arruda. Arruda é apontado em inquérito no STJ como chefe de um suposto esquema de corrupção no governo do Distrito Federal que envolve o pagamento de propina a empresários e deputados distritais e que ficou conhecido como mensalão do DEM. Durval Barbosa, ex-secretário do governo, fez várias gravações dos pagamentos.

A crise desencadeada com as denúncias de Durval levou à renúncia de Paulo Octávio e à perda do mandato de Arruda, por infidelidade partidária. Ameaçado de expulsão do DEM, Arruda deixou a legenda, o que motivou a ação por infidelidade. Ele não recorreu da perda de mandato e, com isso, se livrou de processo de impeachment que poderia lhe tirar os direitos políticos.

Ameaça de morte

Sombra também disse à Polícia Federal que foi ameaçado de morte. No dia anterior ao depoimento que prestou ao delegado Alfredo Junqueira na quinta-feira (30), ele contou ter recebido um recado de que teria mais dois meses de vida: "Disseram que eu não passaria de junho. Mas não tenho medo e não quero proteção."

O "recado" teria sido enviado por meio de um amigo do jornalista: "Um sujeito chamou um amigo para conversar. Ele foi até o comércio desse sujeito e lá recebeu o recado: disseram que eu não passaria de junho. O Durval poderia passar, mas eu não passaria, ele disse."

O jornalista diz que a ameaça teria sido arquitetada por um dos envolvidos na tentativa de suborno que está preso no Complexo Penitenciário da Papuda. Ele diz que repassou um e-mail que também falaria da ameaça de morte à PF.

Novo suborno

Sombra falou também sobre uma tentativa de suborno até agora desconhecida, que envolveria um "conhecido ex-secretário do governo Arruda". O nome é mantido em sigilo por Sombra, mas ele garante que o personagem é conhecido do inquérito da Operação Caixa de Pandora, que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Segundo Sombra, dias antes de receber a proposta de suborno que levaria Arruda para prisão, ele foi procurado por um emissário do secretário. "Era mais uma proposta de suborno, que aconteceu um pouco antes dessa proposta (do Arruda). Ele me ofereceu o que eu quisesse para não divulgar um vídeo. Ele tinha certeza que tinha sido gravado recebendo dinheiro do Durval. A proposta era o que eu quisesse para não tornar o vídeo público", relata.

Sombra entregou um e-mail de dois supostos emissários da proposta de suborno do ex-secretário. "Está com a Polícia Federal. O nome do ex-secretário eu só irei revelar depois da investigação", diz.

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