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A conceituada revista semanal britânica "The Economist" que chegou às bancas nessa quinta-feira publicou uma reportagem de capa sobre a divisão de poder na América Latina entre o presidente e candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega de cargo na Venezuela, Hugo Chávez.

A revista diz que Lula está perdendo terreno "para a corrupção, para o torpor da economia e para seu rival venezuelano Hugo Chávez". Na reportagem de capa "Quem lidera a América Latina? — Lula x Chávez", a revista diz que o presidente brasileiro perdeu "parte de seu brilho", mas que deve conseguir reeleger-se "de maneira notável, embora talvez injustificada".

"Ele (Lula) não é a voz mais forte que ecoa na América Latina, nem a mais de esquerda. E sim Hugo Chávez, o populista presidente venezuelano", afirma a revista.

A capa estampa uma foto dos dois líderes juntos num momento de intimidade e descontração. Chávez envolve Lula com um dos braços e os dois sorriem - cada um com a bandeira de seu país presa à lapela. Nas internet, a reportagem está restrita a assinantes. Uma tradução para o português foi publicada na edição desta sexta-feira do jornal "Valor Econômico".

Ao defender o ingresso da Venezuela no Mercosul e no Conselho de Segurança das Nações Unidas, Lula mostra "ingenuidade na condução da política externa", diz o texto. "Qual a resposta de Chávez? Ajudar a humilhar o Brasil na Bolívia (...) e tentar sabotar os princípios de democracia e de livre mercado que o Brasil fundou no Mercosul", afirma o texto.

Lula também é prejudicado pela corrupção política, com o mensalão e o escândalo do dossiê, e a "decepção com a economia".

Na avaliação da "Economist", se reeleito Lula deveria "concentrar seus esforços em livrar o Brasil da armadilha de baixo crescimento", que tem deixado o país "muito atrás" em comparação às outras potências emergentes (Rússia, Índia e China).

A reportagem, que abre lembrando o respaldo moral com o que o líder político de origem humilde foi eleito no Brasil há quatro anos, é acompanhada por um longo texto sobre as realizações econômicas do governo Lula.

"Ame Lula se você é pobre, tema se você não for", diz o título da matéria.

A reportagem enumera os benefícios econômicos de seu governo para a população de baixa renda - como o aumento da renda, do nível de emprego e a queda da inflação e da taxa de pobreza - e lembra que 57% dos eleitores que ganham até R$ 700 votarão pela reeleição.

Mas a revista pondera os avanços listando os problemas do país que ainda estão por serem resolvidos e lembrando que o crescimento econômico brasileiro foi menor do que o de outros países emergentes.

"A lista de reformas necessárias para animar a economia não é muito menor do que a de quando Lula assumiu o posto em 2003", diz a revista, citando as propostas de reforma política e de autonomia ao Banco Central.

O texto cita ainda os escândalos de corrupção (entre eles o do dossiê contra os tucanos), o atraso na educação e o aumento da criminalidade. A missão de sanar essas lacunas, aumentar os investimentos e, ao mesmo tempo, conter o apetite do governo para gastos é apresentada como uma tarefa impossível.

A revista diz que Lula não é o agente ideal para determinadas mudanças, já que ele e seu partido têm alianças com os pobres, aqueles que se beneficiam de um Estado generoso, funcionários públicos e trabalhadores sindicalizados.

"Alguns dos erros do governo podem ser encontrados na falsa noção de que o que é bom para um é bom para outro, o que não surpreende dado que Lula, nascido pobre, virou um sindicalista".

A reportagem também cita a proposta de um pacto nacional para pôr as reformas em prática depois das eleições e diz que o preço por tentar "sujar (a imagem de José) Serra ameaça atrapalhar seu governo antes mesmo de este começar. O preço poderiam ser mais quatro anos de performance abaixo da média".

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