• Carregando...

A notícia de que a Todeschini, empresa alimentícia do Paraná fundada há mais de 100 anos, fecharia as portas devido a uma grave crise financeira comoveu o empresário Frederico Busato Júnior, dono da Imcopa – a maior produtora de óleos vegetais do país. Durante uma viagem de carro, Busato ouviu no rádio que a tradicional fábrica de massas e biscoitos havia inclusive interrompido a produção em fevereiro. No dia seguinte à notícia, o executivo procurou a família Todeschini e, em menos de 24 horas, um contrato de parceria estava fechado. A Imcopa – que, assim como a Todeschini, tem administração familiar e origem paranaense – vai fornecer a matéria-prima e comercializar os produtos. Graças ao acordo, estabelecido há cerca de dois meses, a Todeschini pôde retomar seu funcionamento, relançar 12 produtos e contratar 70 funcionários – 30 dos quais haviam sido demitidos durante o período turbulento. Além disso, a empresa foi o destaque da 25.ª Mercosuper, a maior feira do setor supermercadista do estado.

Os planos da Imcopa para a Todeschini são ambiciosos. Até o fim do ano, a empresa pretende retomar a produção de mais 30 itens, que haviam deixado de ser fabricados entre 2000 e 2005. Também estão previstos investimentos na comercialização, com representantes nos estados das Regiões Sul e Sudeste. Ações de publicidade e marketing vão ficar para o ano que vem. "Primeiro temos que recolocar os produtos nas prateleiras dos supermercados", diz Alberto Gura, diretor comercial da Todeschini.

Quem entra na fábrica de massas e biscoitos, no bairro Pinheirinho, em Curitiba, percebe o esforço dos funcionários para que a empresa volte a funcionar a pleno vapor. Grande parte dos 300 empregados da Todeschini vivenciaram tanto o ápice como a crise financeira da companhia. É o caso do gerente industrial Antônio Silvério de Melo Neto, de 53 anos – mais de 10 dedicados à Todeschini. Melo chegou a ser demitido em novembro do ano passado. "Minha sensação era de derrota, pois eu sentia que eu não tinha conseguido ajudar a empresa a superar a crise". Recontratado há dois meses, o gerente sente-se privilegiado por ter uma segunda chance. "Quem está aqui dentro acredita na marca e no produto que fazemos", explica. Para ele, que se diz apaixonado pela fábrica de biscoitos (a Todeschini é dividida em fábrica de biscoitos – bastante artesanal – e fábrica de massas – mais industrializada), a equipe que coordena na linha de produção está motivada para virar o jogo. "Estamos com a alma renovada", diz.

A história da Todeschini, que completa 121 anos este ano, se confunde com a história da capital paranaense. O macarrão foi apresentado ao parananese justamente pelo marceneiro italiano Giuseppe Todeschini, que, antes de fundar a empresa na Avenida Sete de Setembro, produzia em casa e vendia na vizinhança. Além de fornecer a massa, Giuseppe ensinava receitas e apresentava diferentes combinações de molhos. O maquinário antigo e até o Chevrolet 1926 (Pavãozinho) que substituiu as carroças no serviço de entregas estão expostos no prédio da administração da empresa.

Sem esquecer da história da Todeschini a nova administração quer passar uma uma borracha na crise enfrentada pela empresa. A meta é fechar o ano com o mesmo market share registrado em 2000, ou seja, 27% do mercado no Sul do país e 50% de Curitiba para massas; e 22% do mercado sulista e 31% do curitibano para biscoitos.

O diretor comercial afirma que um plano de marketing ainda não foi traçado, mas não estranhe se ouvir no rádio o famoso jingle: "Só a Todeschini é que faz. Com ovos fresquinhos, pasteurizados, o melhor macarrão, o macarrão Todeschini."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]