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Ambientação lembra as rodas de capoeira e de samba no início do século passado | Ricardo Sodré/JLM Produções
Ambientação lembra as rodas de capoeira e de samba no início do século passado| Foto: Ricardo Sodré/JLM Produções

Paraná Crise no campo afetou salários

Das 656 negociações salariais fechadas em 2006 no país e analisadas pelo Dieese, 44 são do Paraná, ou 6,7% do total. Entre as negociações mais conflituosas, destacam-se as dos metalúrgicos e bancários. Em novembro, os bancários do Paraná seguiram a orientação nacional e cruzaram os braços por quatro dias. Conseguiram aumento de 3,5%, mais participação nos lucros e resultados.

Os trabalhadores das montadoras entraram em greve em dezembro e conseguiram aumento de 5% mais 7% de aumento no piso, além de acordos com empresas isoladas. Não há dados incluindo todas as categorias do estado – o Dieese só realizou análise aprofundada em 2004 e nos primeiros seis meses de 2005, quando os resultados das negociações ficaram próximos da média nacional.

Em 2004 foram analisadas 485 acordos ou convenções coletivas – quase a totalidade do estado. Em 87% deles, os trabalhadores conseguiram aumentos iguais ou superiores à inflação, mesma proporção conseguida no início de 2005. "Não temos dados específicos depois disso por problemas internos, mas acredito que a situação do estado tenha piorado um pouco, já que o Paraná foi bastante afetado pela crise econômica do campo", explica o economista do Dieese, Sandro Silva.

São Paulo – Os trabalhadores obtiveram aumento real acima da inflação em 86% das negociações salariais realizadas no ano passado. O resultado é o melhor obtido nos últimos 11 anos, segundo informa o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), ao analisar 656 acordos salariais em 22 estados.

Em 2005, 70% dos acordos haviam superado as perdas causadas pela inflação.

Os ganhos reais foram concedidos em todos os setores – indústria, comércio e serviços – e ficaram concentrados na faixa até 2% acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O indicador, calculado pelo IBGE, é o mais usado nas negociações. Fechou 2006 em 2,81%.

O crescimento da economia pelo terceiro ano consecutivo, a baixa pressão da inflação sobre os salários e a melhora no mercado de trabalho, com a criação de empregos com carteira assinada, foram "determinantes" para as negociações salariais, na análise de economistas, sindicalistas e técnicos do Dieese.

Os trabalhadores conseguiram superar ou zerar as perdas acumuladas pela inflação nos 12 meses anteriores a cada data-base em 96% (632 acordos) das negociações feitas em 2006. O porcentual também é o melhor desde 1996, quando o Dieese iniciou o estudo sobre os reajustes. Em 2005, 88% dos 640 acordos foram iguais ou superiores à inflação.

"A baixa inflação acumulada no ano passado explica esse resultado. Em 2003, quando o PIB cresceu apenas 0,5% [pela antiga metodologia do IBGE] e a inflação chegou ao patamar de 20%, quase 60% das negociações ficaram abaixo da inflação. Foi o pior ano para as negociações", afirma José Silvestre de Oliveira, supervisor do Dieese em São Paulo.

Em 2006, quando a economia cresceu 2,9% e a inflação não superou 3%, diz ele, só 3,7% dos acordos não conseguiram repor as perdas salariais.

Apesar dos resultados positivos, os especialistas ressaltam que os salários estão "longe" de recuperar as perdas entre 1997 e 2003. O rendimento de um assalariado da região metropolitana de São Paulo corresponde a 76,5% do que valia em 1995. "O que houve foi um estancamento das perdas salariais. É preciso que o desemprego caia e o país cresça acima de 5% para se recuperar o poder de compra dos salários", afirma Santos. Arnaldo Nogueira, professor da PUC-SP, ressalva ainda que os reajustes acima da inflação refletem só parte do mercado formal.

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