• Carregando...

Araçatuba (SP) – Mais um grupo de 40 trabalhadores, aliciados no estado do Maranhão para trabalhar na safra da cana das usinas paulistas, foi encontrado vivendo em condições subumanas no interior de São Paulo. Os maranhenses estavam amontoados em duas casas, sem condições de moradia, na cidade de Piacatu, na região de Araçatuba.

Na última sexta-feira, fiscais do Ministério do Trabalho enviaram de volta 43 migrantes, também aliciados no Maranhão, que trabalhavam em condições de semi-escravidão no plantio da cana na região de São José do Rio Preto.

Nesta terça-feira, avisado pela Prefeitura de Piacatu, o procurador Gustavo Filipe Garcia, do Ministério Público do Trabalho (MPT), flagrou pessoalmente as condições degradantes dos trabalhadores. "É difícil acreditar que em pleno século 21, no estado mais rico da nação, ainda aconteça este tipo de situação. É revoltante", afirmou Garcia.

O grupo foi trazido do Maranhão pelo trabalhador rural José Siqueira da Rocha com a promessa de trabalhar com carteira assinada em usinas da região Noroeste de São Paulo, mas quando chegaram, no domingo passado, não havia trabalho nem casas para morar.

Dez trabalhadores foram alojados numa pequena casa de madeira, e outros 30 amontoados em outra casa, de cinco cômodos, sem energia elétrica, móveis e condições de higiene. Segundo a Polícia Civil, as casas não comportam mais de 12 pessoas; além disso, o grupo dormia no chão e se alimentava de comida entregue pela vizinha de uma das casas.

"Pagamos R$ 190 para trabalhar aqui em São Paulo, mas não encontramos emprego nem casa decente para morar", disse José Raimundo Ribeiro, 35, morador em Itapecurumim (MA). Segundo ele, um outro homem, chamado Romildo, foi quem aliciou o grupo e cobrou R$ 190 de cada um pela viagem.

Rocha, que está sendo indiciado por aliciamento, disse que foi enganado por Romildo e que não sabia que aliciamento é crime com pena de 1 a 3 anos de prisão.

De acordo com o procurador Gustavo Garcia, o aliciador tem até sexta-feira para enviar os trabalhadores de volta para o Maranhão. O caso será remetido para a Polícia Federal. Como os trabalhadores não tinham sido contratados, nenhuma usina foi autuada, mas Garcia diz que o MPT está de olho nas usinas para evitar a contratação irregular de migrantes. Segundo ele, a situação se tornou tão caótica que ele sugeriu a criação de uma força-tarefa para impedir a exploração dos trabalhadores. "Não dá mais para suportar este tipo de situação", afirmou.

Os usineiros paulistas devem moer cerca de 330 milhões de toneladas de cana-de-açúcar e faturar R$ 30 bilhões nesta safra 2007/2008.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]