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Antigamente, permanecer décadas na mesma empresa era motivo de orgulho dos profissionais. Porém, à medida que o tempo passou e a concorrência aumentou, o ciclo de rotatividade de profissionais sofreu mudanças.

Anos atrás, para conseguir um bom emprego em nível gerencial, bastava o ginásio completo e um tempo "x" de experiência na empresa. Hoje em dia, o profissional que deseja alcançar um cargo desse nível deve investir em uma graduação e, no mínimo, um MBA ou mestrado.

Nesse cenário, foram identificados dois tipos de profissionais: aqueles que não desejam "envelhecer" na empresa e buscam constantemente novos desafios e oportunidades em empresas diferentes; e aqueles que buscam estabilidade – não só estabilidade financeira, mas também profissional. Ou seja, é aquela pessoa que "veste a camisa" da empresa e não pretende sair dela até se aposentar.

Aos prós e contras. No primeiro perfil, quando o profissional já tem certa idade, por fazer trocas constantes, pode não conseguir recolocar-se em cargos altos com tanta facilidade. Já o segundo perfil, por um lado, é bem visto e valorizado pela empresa por sua fidelidade, podendo alcançar os cargos mais altos. Por outro, ele pode chegar aos 60, 70 anos e perder o respeito dos subordinados.

Ora, se o sujeito dedicou sua vida inteira à empresa, ele deveria ter credibilidade e importância nas decisões e estratégias da empresa até o momento de se aposentar, certo? Errado. Em alguns casos, a pessoa que envelhece na empresa, num cargo de diretoria ou presidência, acaba perdendo a agilidade de raciocínio e tende a ficar desatualizado. Isso, obviamente, não passa despercebido pelos funcionários.

Quando digo respeito, não me refiro às regras básicas da boa educação, afinal, essas devem ser praticadas todos os dias, com todas as pessoas e em qualquer situação. Refiro-me à credibilidade e influência do profissional dentro da organização. Quando ele não consegue acompanhar as mudanças do mercado e da empresa, suas colocações podem passar a não ser mais tão ouvidas ou consideradas quanto anteriormente.

É uma situação complicada. Tirar um profissional que dedicou tanto tempo na empresa é um assunto delicado. Portanto, a iniciativa de se aposentar ou mudar de emprego deve vir do próprio profissional. Em raros casos, e aqui entra a exceção da história, a empresa oferece auxílio e preparo à aposentadoria da pessoa. As atividades são reduzidas gradativamente e atribuídas a novos profissionais, há orientação sobre a nova fase da vida e sobre o que é possível ser feito no excesso de tempo livre que virá.

Como esses casos ainda são minoria, resta aos próprios profissionais a análise e a percepção do momento de parar. É claro que não se deve generalizar. Muitos jovens senhores, em seus 70 anos, ainda estão aptos a trabalhar com qualidade. Enquanto outros, mesmo mais jovens, em seus 50 e poucos anos, já poderiam considerar a opção de parar bastante viável. Tomar esta decisão requer maturidade e modéstia. Isso abrirá oportunidades para profissionais mais jovens e mais aptos para o cargo. Além disso, é uma obrigação do antigo diretor ou presidente formar sucessores competentes.

Caso a pessoa não consiga chegar a uma conclusão realista da situação, terceiros podem fazê-lo. Para isso, o serviço coaching ou os próprios subordinados e/ou superiores podem ajudar bastante.

Algumas pessoas desesperam-se ao pensar em parar e ficar sem trabalhar, no ócio. É bom saber também que esse é o momento para abrir a cabeça para novas oportunidades. O profissional pode ainda participar do conselho de administração da empresa, quando seu cargo anterior era de direção ou presidência, pode assumir uma posição de gerência em uma empresa menor, onde seus conhecimentos ainda serão válidos, montar um novo negócio para passar o tempo, tornar-se consultor ou mesmo professor para dividir os conhecimentos de décadas de trabalho.

O importante é, nesta etapa da vida, avaliar e descobrir o momento de parar e fazer o que dá prazer. Por mais que a pessoa goste de trabalhar, ela deve avaliar se ainda está apta para desempenhar algo. Essa situação não deve ser encarada como o fim, mas sim como o início de uma nova etapa da vida.

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