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Há pouco mais de um mês, a Sadia transferiu para Curitiba boa parte da sua estrutura administrativa, formada por cerca de 600 funcionários. Nos últimos anos, também vieram para a capital paranaense as direções de outras empresas de grande porte e multinacionais como Siemens, Esso, GVT e Kraft Foods. Em paralelo a essa transferência de estrutura corporativa, centenas de executivos fizeram as malas para se instalar em Curitiba. Mudanças como essas – seja por transferência ou para assumir um novo emprego – são uma realidade comum, embora nem sempre fácil.

O administrador de empresas chileno Glen Rybertt, vice-presidente de suprimentos e logística para América Latina da multinacional Norske Skog, veio para Curitiba há três anos, transferido da unidade da empresa em Santiago. Antes da viagem definitiva, ele e a esposa vieram ao Brasil duas vezes. "O fato da língua ser similar e a cultura dos povos parecida facilitou a adaptação. Tinha amigos brasileiros e chilenos na cidade que também ajudaram", lembra. "Curitiba tem um tamanho razoável e qualidade de vida. Seria impossível me adaptar com tanta facilidade ao Rio de Janeiro ou São Paulo, por exemplo."

A maior dificuldade, segundo Rybertt, foi encontrar uma casa para morar com a esposa e os três filhos pequenos. "Queria morar em um condomínio fechado, mas tinha pouca oferta e por isso os preços eram muito altos." Assim como para Rybertt, a escolha da residência é uma das principais preocupações para os "forasteiros". "Encontrar o imóvel que eles sonham nem sempre é rápido", diz a corretora Mirian Gonçalves Coelho, coordenadora do segmento especializado em atendimento de executivos em processo de mudança da Apolar Imóveis. "Por isso, assim como a escola dos filhos, esta é uma das maiores preocupações de quem vem de fora."

Foi por isso que a empresa criou, em 1997, um serviço de consultoria especializado nesse segmento. "A procura pela orientação aumentou muito, em especial nos três últimos meses do ano passado", diz. "É um efeito do crescimento da cidade e da transferência de muitos negócios para cá. Eles vêm com uma grande expectativa de aumentar a qualidade de vida e fugir da violência."

Mapeamento

A facilidade de adaptação depende muito de quem chega à cidade, diz o diretor executivo do Grupo Foco de Recursos Humanos, Adriano Araújo. "Geralmente as empresas oferecem algum apoio na escolha do imóvel e da escola dos filhos e até um benefício financeiro. Mas é fundamental que o próprio profissional busque o maior número de informações possível sobre a região onde vai morar antes de aceitar o desafio", orienta.

Ele mesmo já mudou de cidade algumas vezes. Saiu de São Paulo para Campinas e depois para Curitiba. "Antes das mudanças fiz visitas às cidades e passei por todo esse processo de conhecimento, para entender a cultura dos habitantes, os costumes de cada lugar." No caso da vinda para Curitiba, por exemplo, ele conta que passou uma semana na cidade com a família (a mulher e a filha de 5 anos). "Em uma viagem assim você consegue antecipar e minimizar as dificuldades. Você conhece desde o clima, os costumes, até os serviços de necessidade básica como colégios e hospitais."

No caso dos funcionários da Kraft Foods Brasil, é a própria empresa que oferece essa viagem. "No que chamamos de ‘visita exploratória’, ele e a família podem ficar até quatro dias na cidade para conhecê-la", explica o gerente de Recursos Humanos da multinacional, Paulo Pássaro. A viagem é parte de um pacote de benefícios aos "forasteiros" transferidos para a capital paranaense, onde está a sede da empresa. "Oferecemos informações e subsídios para que a adaptação seja a mais fácil possível."

A Kraft também montou para os executivos uma página na internet com informações sobre a cidade (como hospitais, imobiliárias e escolas) e dá um auxílio financeiro. "Também pagamos todo o transporte dos pertences pessoais, inclusive o carro." Segundo o gerente, 20% dos 500 funcionários do escritório central da empresa vieram de fora nos últimos três anos.

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