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Na disputa entre Petrobras e Fazenda, tende a prevalecer a cautela com a inflação | Hedeson Alves / Gazeta do Povo
Na disputa entre Petrobras e Fazenda, tende a prevalecer a cautela com a inflação| Foto: Hedeson Alves / Gazeta do Povo

Etanol não reagirá tão cedo a intervenção

As medidas planejadas pelo governo federal para conter a escalada dos preços do etanol e evitar desabastecimento não terão efeitos práticos no curto prazo, preveem representantes e consultores do setor sucroenergético.

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Em meio às declarações desencontradas do presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli (que sugeriu a possibilidade de aumento da gasolina), e do ministro da Fazenda, Guido Mantega (que negou qualquer reajuste), a tendência é de que prevaleça a versão do ministro. Especialistas avaliam que, preocupado com a inflação, o governo pode lançar mão de uma redução tributária para evitar que um eventual reajuste da gasolina nas refinarias chegue ao consumidor – o combustível tem peso de 4% no cálculo do IPCA, o indicador oficial de inflação.

"É uma política de governo. Se de fato as refinarias subirem o preço, este reajuste pode não chegar às bombas, porque o governo pode compensar a alta com uma redução da Cide [tributo cobrado sobre o consumo de combustíveis]. Duvido que o governo permita que o preço chegue aos postos, por causa da inflação. A Cide é um colchão para amortizar os preços nas refinarias", explica Walter de Vitto, da Tendências Consultoria. O governo usou essa estratégia em 2008, quando a Petrobras elevou o preço da gasolina em 10% nas refinarias.

Preocupação

Há dúvidas, no entanto, quanto ao efeito da Cide como mantenedor dos preços na bomba. "O tributo é um instrumento que permite este controle, mas não cobre toda a flutuação do mercado internacional. Há uma incerteza no mercado por causa da crise nos países que são grandes produtores, ainda há margem para o preço subir", analisa o economista Marcelo Curado, diretor do setor de Ciências Sociais e Aplicadas da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Por essa razão, consultores acreditam que não seria o momento de a estatal cogitar a possibilidade de subir o preço. "Será que é a hora de fazer o reajuste? Nos últimos dois anos a Petrobras cobrou acima do que estava sendo cobrado no mercado internacional, da época em que estourou a crise até o final de 2010. A empresa ganhou neste meio tempo, está com um balanço favorável e está ganhando ainda. O preço terá que ser corrigido, mas agora não é o momento", pondera Walter de Vitto.

Pesquisa

Em Curitiba, o preço médio da gasolina está em R$ 2,71 por litro, variando de R$ 2,58 a R$ 2,80, conforme levantamento informal feito pela Gazeta do Povo na tarde de ontem. Na semana passada, o custo médio do combustível era de R$ 2,68. O preço médio do etanol também subiu, de R$ 2,30 para R$ 2,35 por litro, no mesmo período. Nos 25 postos consultados pela Gazeta, os preços atuais variam de R$ 2,19 a R$ 2,90 por litro.

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