• Carregando...

Bancos teriam ajudado a mascarar dívida

A Comissão Europeia lançou uma investigação sobre a denúncia de que a Grécia e outros governos europeus teriam mascarado suas dívidas antes mesmo de aderir ao euro com a ajuda de grandes bancos internacionais. Na Espanha, o Centro Nacional de Inteligência ainda lançou uma investigação para determinar o papel de especuladores e da mídia na crise do sistema financeiro.

Segundo uma reportagem publicada no fim de semana pelo New York Times, o governo grego fechou acordos de derivativos com a Goldman Sachs, permitindo que dados sobre a dívida pública fossem camuflados. O banco receberia o dinheiro de volta por meio do controle da renda da loteria no país e as taxas aeroportuárias.

Para fazer parte do euro, governos precisavam ter em 2001 um déficit público de no máximo 3% do Produto Interno Bruto (PIB). Para chegar a esse nível, os gregos teriam hipotecado sua dívida com bancos de investimentos.

A UE confirmou que a Grécia não passou tal informação à Eurostat, órgão de estatísticas da Europa. Segundo o porta-voz da Comissão, Amadeu Altafaj, Bruxelas pediria novos dados dos gregos. "A Eurostat pediu explicações às autoridades gregas", afirmou o porta-voz. Segundo ele, será a partir da resposta dos gregos que medidas serão tomadas.

A UE já abriu um outro processo contra o ex-governo conservador da Grécia denunciando Atenas de ter mentido em 2009 sobre sua dívida no relatório apresentado anualmente à Bruxelas.

Na Espanha, a crise também leva as autoridades a abrirem investigações. O Centro Nacional de Inteligência está apurando se houve pressões de investidores e, diante de ataques duros, qual foi o papel da imprensa anglo-saxã em tentar relacionar a crise grega com a situação na Espanha. A investigação foi aberta a pedido do governo espanhol, irritado com as repetidas citações do país ligado à situação grega em termos de risco de default.

Agência Estado

Genebra - A Grécia e os demais países da União Europeia deram início ontem a um jogo de empurra, trocando acusações e exigências sobre como lidar com o déficit de 12,7% no Orçamento do país mediterrâneo e acalmar os mercados. Combinadas, a dívida grega e a histeria dos investidores ameaçam contaminar o bloco e fragilizar o euro.

Após uma longa reunião entre os ministros das Finanças dos 16 países que adotam o euro, o chamado eurogrupo exigiu que Atenas apresente um plano mais drástico até 16 de março para levar a cabo a promessa de cortar seu déficit em dez pontos até 2013.

Em entrevista coletiva transmitida pela internet, o presidente do eurogrupo, Jean-Claude Juncker, citou "riscos'' ao cumprimento das metas. Os mercados derrubaram os títulos gregos nas últimas semanas, e analistas temem que o efeito se estenda para outros países europeus periféricos com a dívida inchada (Portugal, Espanha e Itália).

Exigir mais da Grécia é a alternativa que restou diante da relutância dos países do bloco em abrir os cofres. Espe­cialmente, ante a relutância do governo alemão, que enfrenta um ambiente político doméstico desfavorável e, nesse contexto, teme se tornar o fiador universal dos vizinhos perdulários.

Um pacote de resgate nos moldes tradicionais, bancado pela UE como instituição, é vetado pelo estatuto do bloco.

Com tal cenário, as promessas feitas na semana passada pelo premier socialista George Papandreou – cortar pensões e comissões do funcionalismo e reestruturar o sistema de previdência – foram vistas como pouco pelos países do eurogrupo. É preciso subir impostos, dita Bruxelas.

Mas a Grécia reluta em aprofundar seu pacote de arrocho, e analistas questionam não só a vontade política mas também a margem de manobra de Atenas ante a pressão das ruas.

O teto das pensões na Grécia mal supera 2 mil euros (cerca de R$ 5 mil), e o salário médio de servidores gira em torno de mil euros. Sobretudo, o país sofre com a evasão fiscal – sua arrecadação é a pior da UE.

Em discurso na manhã de ontem, o ministro grego da Economia, George Papacons­tantinou, já repassou a responsabilidade de volta à UE. "Meu palpite é que o que vai fazer com que os mercados parem de atacar a Grécia neste momento é uma mensagem mais explícita [da UE], que torne operacional o que foi defendido na última quinta'', disse.

Na ocasião, os líderes do bloco emitiram um comunicado político dizendo que acorrerão, se necessário, para impedir que a Grécia quebre. Mas não deixaram claro quando ou como.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]