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José Rodolpho Bernardoni, cofundador e CEO da Ewiks, startup curitibana que recebeu ajuda de um grupo de pessoas físicas | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
José Rodolpho Bernardoni, cofundador e CEO da Ewiks, startup curitibana que recebeu ajuda de um grupo de pessoas físicas| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Alternativa

"Capital de risco" sem tanto risco

Fundos de investimento, ligados ao poder público, a entidades, ou mesmo que atuam de forma independente, também colaboram com o crescimento de startups. Os investidores do fundo entram com um aporte de capital na empresa e se tornam sócios dela por um tempo médio de cinco anos. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) – órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) –, por meio do programa Inovar, participa de 26 fundos de investimento especializados no mercado de venture capital. No entanto, apenas quatro fundos atendem empreendimentos menores, como as startups: dois deles já estão em operação – com investimentos em 10 empresas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais – e os outros dois ainda estão captando recursos. (EC e DK)

Glossário

Conheça os termos mais comuns no mercado de startups:

Angel investor(investidor-anjo)

É a pessoa que arrisca um certo valor em dinheiro para ajudar a começar a empresa – no caso de investidores, com a esperança de lucrar no futuro, revendendo sua participação no negócio. Muitas vezes o "anjo" é um amigo ou parente do empreendedor.

Venture capital (capital de risco)

Investimento privado e temporário aplicado numa empresa que quer alavancar seu crescimento num mercado promissor e altamente rentável.

Seed money (capital semente)

Segue a mesma dinâmica do venture capital, mas diferencia-se pelo valor menor. É aquela ajuda do "anjo" de que a startup precisa para nascer.

  • Confira dicas de como obter um bom negócio a partir de uma grande ideia

Quase dez anos depois do surgimento dos primeiros grupos organizados de investidores, em São Paulo, o Paraná começa a prestar atenção às startups, pequenas empresas ? na maioria das vezes, da área de tecnologia da informação ? que normalmente surgem a partir de uma ideia inovadora e precisam de um empurrãozinho, na forma de recursos e assessoria, para se estabelecer no mercado. A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) pretende criar, ainda em 2011, uma rede de investidores-anjo, empresários que colocam um pequeno capital, normalmente ainda na etapa inicial do projeto, esperando recuperá-lo com lucro mais adiante.

Assista ao vídeo com dicas para quem deseja começar uma startup

A demora, no entanto, não impediu que startups paranaenses se tornassem bem-sucedidas. José Rodolpho Bernardoni, um dos fundadores e CEO da Ewiks, conta que ele e o sócio, Leonardo Lenz, trabalhavam em uma empresa de produção de conteúdo para e-learning quando perceberam a demanda pela venda de conteúdo pronto e criaram uma plataforma para que professores pudessem vender o material dos cursos. ?O objetivo é que o aluno encontre, no site, todo tipo de curso, e que os professores possam gerar renda extra. O professor é empreendedor do próprio curso?, diz Bernardoni.

A ideia surgiu em 2009, mas somente no ano passado o projeto se transformou em uma empresa, com a ajuda de investidores. ?Tínhamos uma plataforma, um plano de negócios e apresentávamos a ideia para prováveis investidores. Chegou a um ponto em que o projeto não evoluiria se não tivesse dinheiro?, conta Bernardoni. No primeiro semestre de 2010, ele e Lenz entraram em contato com um de seus principais parceiros, que montou, com outros empresários de áreas diferentes, um grupo de pessoas físicas para financiar o projeto. Bernardoni lamenta a falta de um grupo organizado logo no início do empreendimento. ?O tempo que um empreendedor gasta procurando recursos no começo da empresa deveria ser usado para o desenvolvimento ou venda do produto?, afirma.

A Navegg, outra startup curitibana, recentemente adquirida pelo grupo BuscaPé, surgiu a partiu da criação de uma ferramenta que deduz as informações sociodemográficas do internauta de acordo com a navegação. Hoje a ferramenta é utilizada em mais de 5 mil sites. A aquisição da empresa ? com o objetivo de melhorar os resultados da rede de publicidade e de um site de compras coletivas ? é uma estratégia de expansão da Buscapé, que nos últimos anos comprou outras startups, como a eBehavior, também de Curitiba, e o ZipMe.

No fim de 2009, por meio do concurso Desafio Brasil, promovido pela Fundação Getúlio Vargas, a Navegg teve a oportunidade de entrar em contato com a Astella Investimentos, empresa paulistana de investidores-anjo, que facilitou a concretização da ideia em meados de 2010. ?Aceitamos a parceria não só pelo dinheiro que iriam investir, mas também pela sinergia, visão de negócio, por tudo que poderíamos aprender com eles e também pelo contato com muitas empresas interessantes?, afirma Adriano Brandão, um dos sócios e diretor de produto e marketing da Navegg. Uma destas empresas foi o grupo BuscaPé, que comprou 70% das ações da startup curitibana em fevereiro.

Marcelo Cazado, diretor da rede de investidores-anjos Floripa Angels, diz que apenas 3% ou 4% dos empreendedores conseguem investimento para suas startups ? em quatro anos de atuação, a Floripa Angels só investiu em três startups. Para aumentar suas chances com os ?anjos?, o empreendedor precisa conhecer bem o mercado, que precisa ser altamente rentável, e ter não só um produto inovador como também uma tecnologia de produção inovadora e própria, aconselha Cazado.

O diretor da Floripa Angels ainda diz que, uma vez que a startup consegue ajuda dos ?anjos?, praticamente não há riscos nem para os investidores e nem para os empreendedores, pois as redes não se limitam a investir; elas ajudam as empresas a ter sucesso no mercado. ?A rede não é um fundo de investimento. Quando o investidor entra, ele não tem risco nenhum. A rede busca profissionais com experiência que possam contribuir na gestão das startups?, afirma.

Segundo Cazado, a maioria das startups no Brasil não consegue chegar ao sucesso principalmente porque os empreendedores se preocupam excessivamente com o produto em si, sem pensar na realidade do mercado. Outra razão para o fracasso de muitas startups, afirma, é o pouco conhecimento sobre a gestão financeira.

Fiep quer abrir ?escola de anjos? em julho

Para fomentar o mercado de startups no estado, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) quer criar ainda neste ano sua rede de investidores-anjo. A partir de junho, começa a busca por investidores e o incentivo à participação na rede. A segunda etapa, a Escola de Anjos, deve ocorrer em julho, quando os interessados serão capacitados para participar desse tipo de investimento. Também em junho, a Fiep deve lançar uma chamada para a formação de uma incubadora própria de empresas e fundos de investimento.

Curitiba também vai receber, em 29 de junho, no Centro de Convenções da Fiep, a etapa final do 1.º Fórum Sul-Brasileiro de Investimentos, que vai apresentar empresas da Região Sul com alto potencial de crescimento, inclusive startups, para investidores. Oito empresas de cada um dos três estados foram selecionadas para se apresentarem aos investidores na etapa final. O evento é promovido pelas federações das indústrias da região, em parceria com a Finep e com a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP). A capital ainda terá, em 17 de junho, o seu primeiro Startup Day. O objetivo do evento é fomentar negócios e proporcionar o esclarecimento de dúvidas relacionadas às startups.

Serviço

Mais informações sobre o Startup Day no site http://startupday.com.br

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