Um atalho para o negócio próprio

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Oportunidade de negócio, retorno garantido, instalações completas em ótimo ponto com comercial. O que mais parece ser anúncio do caderno de classificados tem despertado o interesse dos paranaenses para o mercado de franquias. De acordo com dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), 6% das unidades franqueadas estão no Paraná, número que coloca o estado atrás apenas de São Paulo (39%), Rio de Janeiro (12%) e Minas Gerais (8%).

"A franquia é a multiplicação do negócio que já foi testado e dá certo. A mortalidade das franquias equivale a um sexto dos negócios independentes", afirma o consultor em franchising, Marcio Tadeu Aurelio. "O território nacional é muito grande. O sistema de franquias permite que as empresas espalhem sua marca, aumentem o número de lojas e façam dinheiro sem pagar juros de empréstimos", complementa diretor executivo da ABF, Ricardo Camargo. Na esteira do crescimento econômico, o setor deve fechar 2010 com expansão de 19% em relação ao ano passado, atingindo o faturamento de R$ 75 bilhões. Para 2011, a expectativa é crescer 15%.

Segundo os especialistas, algumas características específicas contribuem para que o Paraná seja um dos principais centros de franquias do país. A abertura de novos shoppings é o principal motivo, já que a expansão do setor de franquias está atrelada ao crescimento no número de empreendimentos comerciais.

"A grande maioria das franquias está em shoppings que querem ter fluxo e alavancar as vendas com nomes conhecidos. Normalmente, esse tipo de empreendimento se concentra na capital. No Paraná, cidades como Foz do Iguaçu, Maringá, Cascavel, Londrina e Ponta Grossa possuem shopping de grande porte. Em alguns municípios, até mesmo mais de uma unidade", destaca Camargo.

De acordo com informações da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), o estado tem 26 shoppings, sendo metade espalhada pelas cidades do interior. Este ano serão mais dois empreendimentos na lista; o Catuaí Shopping, em Maringá, e o Boulevard Shopping, em Londrina.

Outros municípios paranaenses também estão atraindo a atenção dos empresários. Cidades como Guarapuava, Pato Branco, Arapongas e Paranaguá logo devem ser invadidas por redes de franquias e continuar contribuindo para o crescimento do setor no estado. "As grandes redes já têm unidades nas principais cidades. Esses municípios são bem estruturados e com grande potencial de consumo. Logo novas redes devem entrar para conquistar a demanda reprimida", afirma Aurelio.

Exemplo de sucesso

A rede de lanchonetes Au-Au entrou no mercado de franquias há 18 meses. A decisão foi tomada diante da pressão do mercado. Hoje, o Au-Au contabiliza 23 lojas, sendo 11 franquias, espalhadas por vários municípios do Paraná e Santa Catarina. Mais quatro já estão programadas, uma em Ponta Grossa e três na capital.

"Há tempos havia procura, mas não estávamos prontos para ter outros donos envolvidos no negócio. Por isso, durante dois anos desenvolvemos estudos e preparamos a estrutura do projeto para que não fosse algo aventureiro", explica o diretor da rede, Cesar Brecailo.

Para o consultor Marcio Tadeu Aurelio, o procedimento adotado pelo Au-Au foi o ideal. "O empresário paranaense analisa mais que os outros, busca se informar e avaliar os riscos. Com isso, consegue definir bem o perfil do público que quer atingir", afirma.

Para diminuir os riscos, a estratégia adotada pelo Au-Au foi a expansão em "espiral", ou seja, de dentro para fora. "Escolhemos começar pelas cidades mais próximas. A primeira franquia foi em São José dos Pinhais, a segunda em Ponta Grossa e assim por diante até chegar a Santa Catarina. Ainda existe bastante espaço para crescermos nos dois estados. Mas, não estamos fechados para outras possibilidades como o interior de São Paulo", ressalta Brecailo.

Debutando no setor

O empresário Luiz Alberto Mazanek planeja estrear no mercado de franquias no segundo semestre. Diretor da loja de sanduíches Porco Nobre, criada em 1996, Mazanek está em fase final de formatação do projeto de expansão da marca através do sistema de franquias.

"Franquia é uma boa forma de expandir sem ter capital próprio e tornar o crescimento mais rápido. Além disso, facilita na administração, já que é impossível estar em todos os lugares. A pessoa que comprar a franquia será dedicada, pois é o negócio dela", afirma.

Os primeiros destinos da Porco Nobre deve ser as cidades de Blumenau e Londrina, onde já existem negociações. Para ele, a tradição de 14 anos no segmento e o nome forte são os fatores que contribuíram para a idéia de franquias. "Desde a inauguração, o cliente come o mesmo sanduíche, sinal de que podemos reproduzir o mesmo produto em qualquer lugar. Ou seja, a pessoa vai ter a certeza que a qualidade será mantida. Além disso, o nome tem uma ótima aceitação e vai ajudar na expansão", destaca Mazanek.

Oportunidade de pai para filho

O setor de franquias também é a oportunidade para jovens empresários adquirirem experiência. Segundo o consultor em franchising, Marcio Tadeu Aurelio, alguns empresários, sabendo que o negócio será herdado pelo filho, compram uma franquia para o ritual de passagem.

"Alguns empresários compram uma franquia como uma forma de preparação para os filhos. Depois de um determinado tempo e de experiência adquirida, eles assumem o negócio da família. Franquia é o caminho mais seguro para se tornar um empresário", diz Aurelio.

As franquias também têm chamada a atenção de profissionais aposentados, alguns com necessidade de completar a renda ou mesmo para não deixar de trabalhar.